Recontagem de votos em Almada confirma vitória do PS

por RTP
António Pedro Santos - Lusa

A Secretaria-Geral da Administração Interna deu como terminada a contagem de votos das eleições autárquicas de domingo. O PS bateu o recorde ao conquistar 159 câmaras. Em Almada, após uma recontagem de votos esta segunda-feira, os socialistas venceram a CDU com uma diferença de 313 votos. Ambas as forças garantem quatro mandatos.

Durante a recontagem de votos, que decorreu na freguesia da Costa da Caparica, a CDU chegou a estar na liderança, mas no final confirmou-se a vitória da socialista Inês de Medeiros.

Os 11 mandatos na Câmara de Almada são divididos pelo PS e pela CDU, que elegeram quatro vereadores, respetivamente, pelo PPS/PSD, que obteve dois, e pelo Bloco de Esquerda, com um mandato, o que permitiu também a eleição de Joana Mortágua para o novo executivo camarário.

Nas eleições autárquicas de 2013, a CDU tinha maioria absoluta ao eleger seis mandatos, o PS três e o PPD/PSD tinha dois vereadores na Câmara. Joaquim Judas era novamente o candidato da CDU à presidência.

Com esta vitória socialista, a CDU perde a presidência da autarquia de Almada, distrito de Setúbal, 41 anos depois.
Inês de Medeiros surpreendida
A socialista Inês de Medeiros reconheceu, no final da noite eleitoral, que a vitória do PS em Almada foi surpreendente e atribui-a à conjuntura nacional do PS e ao “cansaço” por 41 anos de governação CDU no concelho. O PS vai governar a autarquia com um executivo minoritário, ao conseguir apenas quatro vereadores (31,28 por cento), os mesmos que a CDU (30,81 por cento).

“Claro que surpreendeu. Foi uma belíssima vitória. A CDU tinha maioria absoluta aqui, nunca perdeu a Câmara em 41 anos. Portanto, é, obviamente, uma vitória muito boa”, sublinhou.

Para Inês de Medeiros, “há várias coisas que fizeram a diferença. Uma, obviamente, é que o PS também está com grandes resultados, não é só Almada. E depois, é também o fim de 41 anos – 41 anos é muito tempo, há um cansaço que se instala”.

A nova presidente da Câmara de Amada considera que “agora que a campanha terminou, é preciso que todos trabalhem em conjunto por Almada, pelas suas pessoas e pelo concelho, que tem tanta coisa boa, tantas potencialidades”.

Em relação a eventuais acordos no executivo, Inês de Medeiros foi perentória: “Temos tempo para ver isso tudo”.
PCP reconhece maus resultados

O PCP justifica os maus resultados nas eleições autárquicas na península de Setúbal e a perda de três câmaras municipais (Almada, Barreiro e Alcochete) com realidades distintas em cada um dos concelhos, mas admite que os comunistas também não fizeram tudo bem feito.
Em 2013, em Setúbal, a CDU tinha conquistado 11 das 13 câmaras municipais do distrito, com exceção do Montijo e de Sines, não só ficou sem dois antigos bastiões comunistas, Almada e Barreiro, como também perdeu o município de Alcochete.


"Cada um dos nove concelhos tem uma realidade própria. Na península de Setúbal temos sítios onde avançámos em termos de votos e mandatos, sítios onde perdemos votos e mandatos e até a presidência de câmara", afirmou à agência Lusa Margarida Botelho, responsável da Direção da Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP.

"Naturalmente que continuaremos a aprofundar as razões, que são muito diversificadas. Não existe uma explicação simples, nem para os sítios onde reforçámos a votação nem para os sítios onde perdemos", acrescentou, reconhecendo responsabilidades próprias do PCP, que "também não fez tudo bem".

Margarida Botelho reiterou a ideia de que houve "contextos políticos" diferentes em cada concelho e assegurou que o PCP vai aprofundar internamente as razões que poderão ter estado na origem do pior resultado de sempre da CDU na península de Setúbal para tentar recuperar as três autarquias perdidas daqui a quatro anos.

"Naturalmente que consideramos negativa a perda das três câmaras, onde perdemos a presidência. Em Almada e Alcochete perdemos por uma pequeníssima margem de votos. Nós consideramos que é principalmente negativo para as populações deixarem de poder contar com o trabalho, honestidade e competência da CDU nestes órgãos autárquicos", disse.

"Nós já tivemos a experiência, no caso concreto do Barreiro e de Alcochete, de perder a presidência da câmara durante um mandato e de a recuperar a seguir. É essa a nossa perspetiva em relação a essas três autarquias", concluiu Margarida Botelho.
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