As cores de Júpiter vistas pela sonda Juno

por Nuno Patrício - RTP
NASA/JPL-Caltech/MSSS/SwRI/Kevin M. Gill © CC BY - Direitos Reservados

A sonda da NASA continua a surpreender com imagens que chegam do maior e mais secreto dos planetas do sistema solar - Júpiter. Agora a Juno ajuda também a compreender as suas "estranhas" auroras boreais.

Desta vez e quase no final da sua missão, prevista para fevereiro do próximo ano, a sonda Juno dá a conhecer com ainda maior detalhe as cores das enormes tempestades que varrem o gigante astro.

São imagens reais, de alta resolução, que não deixam ninguém indiferente, que podiam muito bem ter inspirado muitos pintores impressionistas e surrealistas.

A sonda Juno, da NASA, chegou à órbita de Júpiter há mais de um ano e já deu a conhecer muito do maior planeta do sistema solar. Agora a cinco meses de completar a missão, a Juno revela mais da superfície do planeta que detém a atmosfera mais turbulenta do sistema solar.



Estranhas auroras boreais em Júpiter


Um dos últimos dados enviados pela sonda da NASA são referentes às "estranhas" auroras boreais existentes no planeta. As auroras boreais são partículas aceleradas que colidem com átomos na atmosfera, liberando energia sob a forma de luz.

As de Júpiter são centenas de vezes mais energéticas do que aquelas que se manifestam na Terra.


Os investigadores repararam que estas manifestações eletromagnéticas não se verificam apenas aquando a passagem dos ventos solares.

O que alimenta então as poderosas auroras nos polos de Júpiter?

Com a sonda Juno, os investigadores pensam agora ter encontrado evidências que possam vir a constituir a explicação da origem para as auroras de Júpiter. E onde vão elas buscar a sua energia.

Segundo os dados recolhidos, os investigadores apontam para um choque de partículas electromagnetizadas na turbulenta atmosfera do planeta e que são gradualmente aceleradas para colidir com o plasma planetário existente logo acima da atmosfera de Júpiter.

Estamos aqui na presença de surfistas dos ares - partículas aceleradas pelas ondas. Um mecanismo que os autores apelidamde "aceleração estocástica" ou "aceleração turbulenta", responsável por criar algumas das auroras mais fracas da atmosfera terrestre. (Normalmente, estas auroras não são visíveis para o olho humano).


Fonte: https://www.nasa.gov/mission_pages/juno/main/index.html

"A onda troca um pouco de energia com o eletrão. E então, [o eletrão] passa a trocar energia com outra onda. E de forma lenta mas segura, a partícula ganha desta forma uma grande quantidade de energia ao interagir com milhares de ondas diferentes", refere Mauk, um dos principais investigadores do sistema JEDI (Jupiter Energetic-particle Detector Instrument).

"O resultado desta movimentação é uma distribuição estatística de energia. Algumas partículas têm energia intermédia, outras têm energia muito alta. E isto é o que vemos nos fluxos de energia irradiados e que - pensamos - dão origem às auroras de Júpiter".

A sonda Juno, após ter realizado uma viagem de cinco anos até Júpiter está agora em órbita do planeta gigante onde realiza 37 órbitas, a uma velocidade superior a 125 mil Km/h.

Em fevereiro, Juno termina o seu trabalho e mergulha na atmosfera de Júpiter, sendo completamente destruída pela pressão dos gases que a compõem.
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