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Cientista do Ano na Áustria é português

por RTP
O químico Nuno Maulide foi distinguido pelo Clube de Jornalistas de Ciência e Educação austríaco. Foto: Universidade de Viena / DR

Nuno Maulide, de 39 anos, é o mais recente Cientista do Ano na Áustria. A distinção foi anunciada esta segunda-feira em Viena pelo Clube de Jornalistas de Ciência e Educação austríaco. O químico português é professor catedrático na Universidade de Viena e é o primeiro português a receber o prémio.

Esta distinção, atribuída há 25 anos pelo clube de jornalistas científicos austríacos, homenageia os pesquisadores que deram uma contribuição especial à divulgação do seu trabalho e que trabalhem na Áustria, “contribuindo para o aumento da cultura científica dos cidadãos”, lê-se num comunicado sobre o prémio.

Eva Stanzl, presidente do Clube de Jornalistas de Ciência e Educação da Áustria refere mesmo que o cientista português, escolhido por cerca de 150 membros desta associação, "dedica-se de forma muito eficaz e empenhada à divulgação do seu trabalho".
Surpreso com a destinção
Foi com surpresa que Nuno Maulide, a trabalhar desde os 34 anos em Viena, recebeu a notícia de que fora distinguido com este prémio.

Obrigado a trabalhar na língua nativa da Áustria, o químico português teve de se adaptar e, de acordo com os colegas, com muito sucesso, rondando já a perfeição linguística, afirmam.

Nuno Maulide trabalha neste momento na forma de produzir compostos químicos, sem que estes tenham qualquer implicação ambiental, ou seja que os resíduos resultantes sejam perfeitamente enquadrados na natureza após o seu uso - produtos tais como um perfume, gasolina, detergentes, shampoo, entre muitos outros, que derivam de composição e reação química.

"Tais atividades são divertidas, mas chegam apenas a pessoas que já estão interessadas em ciência", diz Maulide. "Mas devemos tentar cativar para a ciência mesmo as pessoas a quem a ciência não diz quase nada".Outros prémios
Já em 2016, Nuno Maulide foi contemplado com uma bolsa no âmbito do programa europeu de investigação e inovação Horizonte 2020. Estas bolsas tiveram como objetivo permitir aos cientistas "consolidar as suas equipas de investigação e desenvolver as suas ideias inovadoras".

O químico português trabalha no projeto VINCAT, que visa a pesquisa de novas técnicas de síntese para a produção de medicamentos, num esforço para tornar as reações químicas mais eficientes e amigas ao meio ambiente.

Para Nuno Maulide, o principal desafio para o presente é desenvolver novas reações químicas sem que estas formem resíduos nocivos ao ambiente. Isso significa que todos os átomos usados também podem ser encontrados no produto final - em termos de aspetos económicos, tais reações são chamadas de "átomo económico".

Numa entrevista dada à Antena 1, em 2012, à rubrica radiofónica "Portugueses no Mundo" conduzida pela jornalista Alice Vilaça, o químico português, na altura a viver na Alemanha, revelava que sair de Portugal foi uma oportunidade única para poder colocar em prática os seus estudos e os trabalhos que se propunha fazer.

"O nosso grupo de trabalho é na área da química orgânica”, refere Nuno Maulide. “Eu acho que a química orgânica tem um impacto em toda a nossa vida, no nosso dia-a-dia. Cada vez que nós tomamos banho, ou usamos um shampoo ou um gel, são compostos orgânicos. De cada vez que metemos gasolina no carro são compostos orgânicos. Cada vez que colocamos um perfume ou um creme são compostos orgânicos. Portanto a química orgânica, no fundo precisa de métodos de síntese para apurar estes compostos, das moléculas que têm estas funções interessantes".


Nuno Maulide já em 2012 fora reconhecido e premiado pela Sociedade Alemã de Química, um prémio anual dado ao melhor investigador júnior na área da química a desenvolver a investigação na Alemanha.
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