ESA vai tentar último trunfo para reativar Philae

Em 2014 a comunidade cientifica festejava um feito único na história da exploração espacial. Colocar uma sonda na superfície de um cometa. Mas o que os cientistas e técnicos não esperavam é que a sonda Philae aterrasse num local privado da luz solar. Após várias tentativas sem sucesso, a ESA tenta agora o derradeiro esforço e diz que, se não for agora, nunca mais vai ser.

Nuno Patrício - RTP /
Técnicos e cientistas da ESA vão tentar uma última vez reativar a Philae. Foto: ESA/DR

A pequena sonda europeia Philae estacionada no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko mantém o silêncio desde 9 de julho de 2015.

O problema é que, a cada dia que passa, o 67P/Churyumov-Gerasimenko fica mais distante do Sol, e as temperaturas na superfície ficam cada vez mais negativas.

“As coisas estão a ficar críticas para Philae”, pode ler-se num Twitter enviado pela missão Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA).


As probabilidades de sobrevivência da Philae são cada vez mais escassas, visto a sonda não ter acesso à tão desejada luz solar que mantém ativas as suas funções nevrálgicas, que permitem a energia suficiente para “viver”.

Os elementos que seguem com muita atenção a missão da Rosetta e da Philae relatam que, no final de Janeiro as temperaturas existentes no 67P, vão ser tão baixas que a hipótese de comunicar com a sonda na superfície são diminutas.
"Infelizmente, o silêncio da Philae não augura nada de bom", diz Stephan Ulamec, gestor operacional da sonda Philae.


Mas a equipa da ESA ligada ao projeto vai ainda tentar um outro método para acionar uma resposta da Philae.

No próximo dia 10 de Janeiro, domingo, eles vão enviar um comando, via Rosetta, na tentativa de ligar a Philae.

"O tempo urge, por isso queremos explorar todas as possibilidades,", diz Stephan Ulamec, gestor das operações relacionadas com a Philae no DLR.

Sistema de navegabilidade e estabilidade da Philae pode ser a solução
A Philae está equipada com um sistema de equilíbrio e navegação designado por Momentum wheel motor (MWM)  que permitiu à sonda estar com os braços de aterragem sempre virados para o solo do cometa.


Motor Momentum da Philae que pode voltar a fazer "viver" a Philae dizem os tecnicos

O MWM, ou a “Roda de impulso” da Philae, assegurou a estabilidade da sonda durante a descida no espaço em 12 de novembro de 2014.

Agora os engenheiros da ESA querem aproveitar esse sistema, e, numa tentativa derradeira de salvar a sonda, enviar uma ordem de comando na esperança de que ele (motor) possa executar um impulso que obrigue a sonda a mudar ligeiramente a posição do módulo de pouso.

Se o comando for recebido com êxito e executado, a Philae pode "na melhor das hipóteses sacudir a poeira de painéis solares e alinhar-se de acordo com a fonte de luz solar," explica Philae Koen Geurts, do centro de controle de módulo DLR.

Mas os técnicos não estão muito optimistas. Alguns sentem que o módulo pode não ser capaz de responder ao comando.

Incerto é ainda o estado da sonda Philae desde o último envio de dados sobre sua saúde em julho. A equipa do DLR acredita que um dos dois transmissores do módulo de pouso e um dos dois receptores não estão operacionais.

A ESA continua a acreditar que a Philae não esteja de lado ou coberta com muita poeira, visto o 67P ser um cometa ativo, que continua a ejetar gás e poeira para o espaço.

"Infelizmente, o silêncio da Philae não augura nada de bom", diz Stephan.

Na noite de 21 para 22 de dezembro de 2015, o receptor na Rosetta foi acionado, mas a análise mostrou que a ordem não correspondia da transmissão do módulo de pouso.

No final de Janeiro, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko estará a mais de 300 milhões quilómetros do sol, obrigando a Philae a trabalhar num ambiente onde a temperatura será negativa e superior a menos 51 graus Célsius - condição de tal forma adversa que o módulo espacial será incapaz de se ligar.



O comando para ativar a roda, portanto, será a última tentativa de obter uma resposta do módulo de pouso.

"Há uma pequena chance,", diz o gestor de operações da Philae, Cinzia Fantinati da equipa de controlo do DLR, e "nós queremos que a procurem."

A unidade de comunicação, na sonda-mãe Rosetta, que está na órbita do cometa, vai ficar ligada e continuar a tentar escutar Philae além de Janeiro, continuando a Rosetta a olhar o cometa até ao final de setembro de 2016.

A Rosetta é uma missão da ESA e da NASA. O módulo Philae é um contributo dado pelo consórcio sob a liderança do DLR, MPS, CNES e ASI.

Veja aqui onde está a Rosetta.
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