Oumuamua, o primeiro asteroide interestelar a visitar o sistema solar

por RTP
Os resultados das observações realizadas até à data sugerem que este objeto incomum anda a vaguear pela Via Láctea e sem qualquer relação com o sistema solar M. Kornmesser - ESO/ NASA

Os astrónomos descobriram novas informações sobre o objeto interestelar que passou pelo sistema solar no passado mês de outubro. Batizado recentemente de Oumuamua, o asteroide tem cativado muito os investigadores pelas características incomuns.

Oumunua, nome havaiano que significa “mensageiro de longe que chega primeiro”, foi detetado a passar no sistema solar e "junto" à Terra a 19 de outubro deste ano pelo investigador Rob Weryk, do Instituto de Astronomia da Universidade do Hawai, com uma velocidade e uma trajetória que indicavam, nos primeiros estudos, ter origem externa ao nosso sistema planetário.

No último mês os astrónomos têm tentado investigar e observar o mais possível este objeto que suspeitam ser o primeiro visitante interestelar, antes de o perderem de vista.

Os resultados das observações realizadas até à data sugerem que este objeto incomum anda a vaguear pela Via Láctea e sem qualquer relação com o sistema solar.

Segundo uma publicação na revista científica Nature, o Oumuamua é descrito como um “asteroide vermelho e extremamente alongado”, com forma de charuto e de origem rochosa, e que se distingue de outros asteroides já estudados pelo comprimento dez vezes superior à própria largura.

Nas primeiras observações, Weryk e o investigador de Astronomia Marco Micheli detetaram uma velocidade extremamente rápida, suficiente para evitar ser capturado pela atração gravitacional do Sol, e uma trajetória “excêntrica”.

1I/2017 U1, nome técnico do asteroide detetado pelo telescópio Pan-STARRS 1 da Universidade do Hawai, terá passado pela órbita de Mercúrio no início de setembro, aproximando-se do Sol e, impulsionado pela gravidade solar, inverteu a trajetória passando em meados de outubro por baixo da órbita da Terra.
Observado em telescópios de todo o mundo
A equipa de Karen Meech, do Instituto de Astronomia em Honolulu, no Hawai, descobriu que o objeto tinha cerca de 400 metros de comprimento, uma rotação rápida e que estava sujeito a mudanças incomuns de brilho.

Essas variações de brilho, nunca antes detetadas em outros cometas ou asteroides, foram a principal pista para identificar a forma irregular e alongada de Oumuamua.

"Esta variação excecionalmente grande no brilho significa que o objeto é altamente alongado: cerca de dez vezes, desde que seja largo, com uma forma complexa e enrolada", disse Meech à NASA. “Também descobrimos que tinha uma cor avermelhada, semelhante aos objetos no sistema solar externo”, confirmando ainda que “é completamente inerte, sem a menor sugestão de poeira ao redor".

Assim que foi detetado, as investigações telescópicas começaram por todo o mundo. O objeto interestelar tem-se afastado rapidamente do planeta e prevê-se que em meados de dezembro deixe de ser possível detetá-lo.

De acordo com a NASA, cálculos orbitais preliminares sugerem que o asteroide veio da direção aproximada da estrela brilhante Vega, na constelação do norte de Lyra, que no dia 1 de novembro passou na órbita de Marte e passará pela de Júpiter em maio de 2018. Em janeiro de 2019 prevê-se que passe por Saturno e esteja a sair do sistema solar, rumo à constelação de Pegasus.

Oumuamua, apesar das suas características irregulares e interestelares, é familiar em aparência a muitos asteroides já observados, segundo os astrónomos, uma vez que apresenta tamanho, rotação e cor avermelhada semelhantes aos de asteroides do sistema solar.
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