Tubarões gostam de jazz, diz estudo

por RTP
Para a investigação foram estudados tubarões juvenis da espécie Port Jackson David Gray - Reuters

Um estudo da Universidade de Macquarie, na Austrália, investigou a capacidade dos tubarões para identificar um estímulo musical quando recompensados com comida. A pesquisa, liderada pela portuguesa Catarina Vila-Pouca, permitiu descobrir que os tubarões reagem com maior sucesso a jazz do que música clássica.

É de conhecimento geral que o som é uma ferramenta importante para os animais marinhos. O oceano é rico em sons e as espécies aprendem a distingui-los, de forma a utilizá-los como sinais comunicativos, de orientação, perigo ou apenas ruído. Mas o que não se sabia era que os tubarões conseguiam diferenciar estilos de música e associar sons a comida.

Catarina Vila-Pouca veio esclarecer este campo através de um estudo que resultou em dados interessantes.
“Embora os elasmobrânquios não sejam conhecidos por produzir sons, eles têm um ouvido interno um sistema de linha lateral”.

A bióloga tem 28 anos, é portuguesa, mas é na Austrália que se encontra a trabalhar no laboratório de peixes na Universidade Macquarie, em Sydney. Juntamente com o professor Culum Brown, descobriu que os tubarões podem ser treinados para identificar música jazz quando recompensados com comida.

“Neste estudo levantamos a hipótese de que os tubarões poderiam aprender a associar uma pista sonora a uma recompensa repetidamente apresentada num local específico”, escrevem no artigo.

Para a investigação foram estudados tubarões juvenis da espécie Port Jackson. Cada vez que tocava a Bossa Beguine, de Oscar Peterson, os tubarões tinham de dirigir-se a um local específico da piscina onde encontravam uma recompensa.

Segundo o estudo, cinco em cada oito tubarões tiveram uma nota positiva no teste, conseguindo distinguir a música jazz e associá-la a uma recompensa alimentar.

“Tal como prevíamos, os tubarões tornaram-se mais rápidos a aproximarem-se da zona correta e a recuperarem a recompensa e mostraram um comportamento antecipado induzido pelos estímulos”, diz o estudo.
Música clássica não tem o mesmo efeito
A tarefa complicou-se quando os tubarões, numa segunda experiência, foram expostos a dois estímulos: tinham de distinguir entre jazz e música clássica, nadando para diferentes cantos da piscina.

Os tubarões Port Jackson não alcançaram uma nota tão positiva neste teste, ficando confusos e sem saberem para onde se dirigir. Nenhum dos cinco tubarões que passaram com sucesso na experiência anterior conseguiram distinguir jazz de música clássica.“Os tubarões Port Jackson usam sinais sonoros, além de outros sentidos, para navegar no oceano, principalmente durante a noite”.

“Era óbvio que os tubarões sabiam que tinham de fazer alguma coisa quando a música clássica tocava, mas não conseguiam descobrir que tinham de ir para um local diferente”, afirma o investigador Culum Brown.

Catarina Vila-Pouca admite que elevou a fasquia na segunda experiência. “É uma tarefa mais difícil do que parece porque tinham de aprender quais as localizações diferentes que estavam associadas a um determinado tipo de música. Talvez com mais treino lá chegassem”, afirma a bióloga.

A bióloga portuguesa afirma que, com o presente estudo, espera mostrar as capacidades de aprendizagem dos tubarões: “Os tubarões são geralmente subestimados quando se trata de habilidades de aprendizagem – a maioria das pessoas vê os tubarões como animais irracionais e instintivos”.

“No entanto, eles têm cérebros realmente grandes e são obviamente muito mais inteligentes do que pensamos”, defende.

Para o estudo foram testados oito tubarões Port Jackson – quatro machos e quatro fêmeas. Os animais marinhos foram mantidos durante dez meses em três tanques de água do mar à temperatura ambiente no Instituto de Ciência Marinha de Sydney.
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