Conversa Capital com Álvaro Santos Pereira, diretor do Departamento de Estudos Sobre os Países da OCDE

por Antena 1

Foto: Antena1

Para crescer Portugal precisa de "uma nova onda de reformas". A afirmação é de Álvaro Santos Pereira, diretor do Departamento de Estudos Sobre os Países da OCDE e antigo ministro da Economia e Emprego, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios.

Álvaro Santos Pereira considera que as "reformas estruturais pararam em 2013" e desde então pouco mais se fez. Portugal, adianta, tem de se preparar para os grandes desafios que se avizinham como o envelhecimento da população e o combate às alterações climáticas.

Uma das reformas fundamentais a fazer é a da Administração Publica e isso significa, segundo o antigo ministro, que "é preciso tirar a política da Administração Publica". Ou seja, segundo Álvaro Santos Pereira, a Administração Pública tem de ser dotada de capacidade técnica e autonomia, que lhe permita tomar posições por si própria, independentemente da posição politica. Nesse sentido, defende que todas as nomeações sejam feitas por concurso público.

Para Álvaro Santos Pereira tem faltado oposição à direita e alguém com uma visão estratégica para o país e com uma mensagem positiva. "Era importante que nos dissessem que país queremos para os nossos filhos".

Sobre a proposta de Orçamento do Estado, Álvaro Santos Pereira considera que se trata de um orçamento de "continuidade", com um investimento publico que é o segundo mais baixo da União Europeia e com uma carga fiscal que continua a aumentar. Ainda assim, reconhece como positivo a existência de um excedente orçamental e critica quem diz que não devia existir. Aliás, adianta que vão ter de existir muitos mais excedentes orçamentais nos próximos anos, independentemente dos governos de esquerda ou de direita, para reduzir a divida.

Para Álvaro Santos Pereira, o nível de divida externa que Portugal tem é muito elevado e "ninguém pode estar descansado". Adianta: "Por mais almofadas que tenhamos, vamos ter problemas novamente" se houver uma crise internacional. Portugal, segundo o responsável da OCDE, está muito vulnerável por causa do nível de endividamento a crises externas ou imprevistos, o que inclui catástrofes naturais.

Álvaro Santos Pereira, que tem sido crítico relativamente à corrupção em Portugal, adianta que um ano depois da apresentação do último relatório da OCDE, "na prática não mudou nada", exceto ao nível da discussão onde, por via dos pequenos partidos, o tema foi colocado a debate. As perceções relativamente à corrupção continuam muito elevadas. Álvaro Santos Pereira pergunta: “achamos aceitável, enquanto sociedade, que pessoas acusadas de corrupção, poderosos, ou com bastantes recursos, possam ir de recurso em recurso até morrerem de velhos?”.

Pode ver aqui na íntegra esta entrevista de Álvaro Santos Pereira a Rosário Lira (Antena1) e Margarida Peixoto (Jornal de Negócios):



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