Conversa Capital com António Pires de Lima

por Antena1

Foto: Antena1

A Brisa está disponível para negociar com o Governo uma redução no aumento das portagens a definir em outubro.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, António Pires de Lima, CEO da Brisa, disse já ter manifestado essa vontade ao governo. De acordo com o contrato de concessão, a subida do valor da portagem está indexada ao indicador da inflação até outubro. Se o Executivo nada fizer para encontrar um mecanismo para compensar a Brisa desse aumento, o preço sobe em função da inflação. Pires de Lima lembra que se trata de uma opção política, mitigar ou não, o aumento previsto. Há duas possibilidades em cima da mesa: Ou o Estado compensa financeiramente a Brisa ou paga em tempo, renegociando o contrato de concessão. Pires de Lima diz que a "Brisa não precisa necessariamente de cheques".


Por causa da pandemia e do consequente confinamento, a Brisa perdeu 25 por cento da atividade em 2020 e 14 por cento em 2021. Este ano, apesar do aumento dos combustíveis, está a conseguir recuperar e deverá terminar 2022 com valores idênticos aos de 2019. O CEO da Brisa, que neste momento assume a presidência do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD), considera que se devia aproveitar a crise do preço dos combustíveis para acelerar a transição para o carro elétrico, dando incentivos às pessoas para promover a troca. A BCSD está a trabalhar com os municípios na área da mobilidade urbana e, depois de ter assinado um pacto para a mobilidade com Braga, conta assinar outros protocolos com Matosinhos e Porto.


O presidente da BCSD considera que é preciso continuar a apostar na sustentabilidade e diz que a guerra não deve ser pretexto para parar as mudanças em curso. Mais: Pires de Lima considera mesmo que para as empresas o caminho da sustentabilidade é irreversível e quem não apostar nessa mudança não conta.


O antigo ministro da Economia admite que a previsão de crescimento económico para este ano é uma boa notícia no curto prazo, que é preciso "saborear" o momento, mas lembra que há algumas "sombras" para o futuro, como a inflação e a recessão que obrigam a tomar medidas, sobretudo num país com uma carga fiscal muito elevada e que não permite às empresas e às famílias gerar poupanças para investir.

Reduzir a carga fiscal e aumentar os salários são duas das medidas que preconiza. Pires de Lima defende um regresso à fiscalidade verde com uma redução do IRC para as empresas que investem na sustentabilidade e uma penalização das empresas com impacto negativo no ambiente. Uma sugestão que já deixou ficar a António Costa e Silva, o ministro da Economia que, considera Pires de Lima, “é uma lufada de ar fresco".


Segundo Pires de Lima, reduzir o IRC pode servir de moeda de troca para algumas empresas terem condições para aumentarem os salários que nalguns casos são "embaraçosos". Concorda com a necessidade de colocar o aumento salarial no centro das discussões da concertação social, mas lembra que para algumas empresas será necessário criar condições e dar contrapartidas.


Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Vítor Rodrigues Oliveira do Jornal de Negócios.
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