Conversa Capital com António Ramalho, presidente do Novo Banco

por Antena1

Foto: Antena1

O presidente executivo do Novo Banco defende a extensão das moratórias para alguns setores com mais dificuldade em recuperar, como o turismo, e uma partilha de risco entre o Estado, a Banca e as próprias empresas, para encontrar uma alternativa às moratórias.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Ramalho refere a possibilidade de combinar esforços entre uma capitalização das empresas e a extensão dos prazos, como solução. Lembra que as moratórias foram "uma vacina de serenidade" e que agora é preciso que a segunda dose, contra a ansiedade que existe, também corra bem. Acrescenta que qualquer solução tem de ter o acordo da Autoridade Bancária Europeia e, nesse sentido, acredita que mesmo estando contra o prolongamento generalizado das moratórias, a EBA poderá aceitar uma extensão específica para determinados setores. Já relativamente ao crédito ao consumo e à habitação, não estima que venha a haver um agravamento significativo após setembro. Ainda assim, admite que possa existir uma diferenciação de tratamento entre clientes.

Em relação ao Novo Banco, António Ramalho rejeita “críticas levianas” de quem não conhece verdadeiramente o percurso de recuperação do banco e garante que a instituição vai ser um caso de sucesso, começando a ter resultados positivos já este este ano. António Ramalho assegura que o Governo acreditou e continua a acreditar na viabilidade do banco.

Sobre a recuperação de crédito, António Ramalho rejeita que o banco tenha sido prejudicado, lembra que as transações são feitas com autorização do Fundo de Resolução. Refere que o banco tem 90 mil ações judiciais, que são geridas com "dureza" e isso é "sofrido na pele". O CEO do Novo Banco não considera que se tenha precipitado nas vendas que fez, diz mesmo que conseguiu recuperar aviões e iates, e que ele próprio já sofreu ameaças no âmbito desses processos de recuperação de créditos. Reitera que, ainda assim, sempre fez o melhor possível e seguindo todas as recomendações do Fundo de Resolução.

Até a final de 2021, António Ramalho garante que vai reduzir o rácio de NPL de 8,9 para 5 por cento. Um objetivo que vai conseguir manter, mesmo contando com o impacto do incumprimento decorrente do fim das moratórias. Já quanto à eventual compra do EuroBic não confirma o interesse mas refere que tem toda a legitimidade para comprar, se isso permitir valorizar a posição dos acionistas. Em relação às críticas de outros bancos, nomeadamente do BPI, António Ramalho lembra que os limites que a concorrência impôs ao banco, terminam em 2021 e foram muito duros: "Eu paguei o preço necessário à concorrência. Eu espero que ninguém me venha pedir que eu fique incapaz de gerir em concorrência até 2046", refere o CEO do Novo Banco.
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