Conversa Capital com Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal

por Antena1

Foto: Antena1

O CEO da Vodafone Portugal acusa o Governo e a Assembleia da República de terem deixado unicamente nas mãos do regulador, o futuro do 5G em Portugal, um assunto que é estratégico para o país, com todas as implicações que poderá ter ao nível da competitividade nos próximos 20 anos e a começar já em 2021.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Mário Vaz refere que a Assembleia da República levou o assunto a debate “tarde e a más horas” quando já nada havia a fazer e que o governo limitou-se a fazer uma resolução com indicações genéricas. Mário Vaz adianta que nem sequer foi feito um estudo sobre o impacto regulatório do 5G.

Já em relação ao regulador, Mário Vaz acusa João Cadete de Matos de populismo e de denegrir os operadores ao fazer acusações sem fundamento. Adianta mesmo que, pela primeira vez em 28 anos de trabalho no sector, está triste pela forma como o sector todos os dias é criticado pelo regulador e questiona a necessidade de existir uma entidade reguladora, pelo menos nos termos atuais, com um orçamento 69 milhões de euros, dinheiro que “não se sabe como é usado e que seria mais útil para outros sectores”.

A Vodafone, que nos últimos 5 anos investiu cerca de mil milhões de euros em Portugal, diz que o regulamento para o leilão do 5G promove condições ilegais de acesso ao mercado, que configuram auxílios de Estado associados, matéria que está em apreciação nos tribunais nacionais e na Comissão Europeia. Mário Vaz diz que é um regulamento do seculo XX.

Nesta entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Mário Vaz adianta que a Vodafone ainda não decidiu se vai aos leilões. O prazo para a candidatura aos leilões termina no dia 27 de novembro, Mário Vaz admite que apesar da litigância, quer ir ao leilão, mas não sabe se essa será a vontade do acionista, que é quem decide. Portugal era, até há pouco tempo, a “jóia da coroa” para a Vodafone mas agora, com as condições impostas aos operadores em matéria de 5G, pode vir a transformar-se na “lata da coroa”. Mário Vaz deixa ficar um alerta: mesmo que a Vodafone venha a optar por concorrer ao 5G em Portugal, o novo operador, com as vantagens que vai ter, vai apresentar preços mais baixos e os outros terão de fazer o mesmo. Contudo, ao baixar o preço vai ser necessário ajustar toda a estrutura e isso significa reduzir pessoas, investir menos na inovação, nos patrocínios e na rede. “A curto prazo os preços baixam mas reduz-se na qualidade de investimento.

Sobre as críticas do regulador em relação aos preços elevados das telecomunicações em Portugal, Mário Vaz diz que basta olhar para o último relatório de preços da ANACOM, relativo a setembro, para perceber que os preços não aumentaram. Quanto à falta de concorrência, Mário Vaz refere que, se as ofertas são similares é precisamente porque existe concorrência.

O CEO da Vodafone em Portugal lembra que mais uma vez durante a pandemia o sector conseguiu responder à procura e adianta mesmo que na chamada segunda vaga, por comparação ao período anterior à pandemia, a internet fixa cresceu 100 por cento, mais até do que aconteceu na primeira vaga, onde esse crescimento tinha sido de 70%.

Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Sara Ribeiro do Jornal de Negócios.
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