Conversa Capital com Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática

por Antena1

O ministro do Ambiente admite que em bombas de menor dimensão possa existir falta de combustível, por causa da procura acentuada, antes do aumento previsto para segunda-feira, mas adianta que não há previsão de rotura.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Matos Fernandes lembra que Portugal tem reservas públicas de combustíveis para 90 dias, e as empresas para outros 90 dias. Além disso, em antecipação à previsível corrida às bombas, a ENSA contactou todas as marcas, para garantir que estavam preparadas para o aumento da procura.

Nesta entrevista, o ministro do Ambiente admite que o autovoucher continue depois de março, se o preço do combustível se mantiver, mas remete para as Finanças a justificação do valor agora encontrado de 20 euros. Lembra apenas que, em média, cada 10 dólares de petróleo bruto correspondem a um aumento de 8 cêntimos, e explica que o aumento exponencial do gasóleo se deve ao facto de existir um maior défice de refinação de diesel do que de gasolina. Já quanto a uma redução efetiva do ISP, Matos Fernandes diz que é uma hipótese que não está em cima da mesa e que o governo pretende reduzir o ISP apenas na proporção do acréscimo do IVA, como tem estado a acontecer.

Para já, avançam na próxima semana medidas de apoio às empresas que, segundo o ministro do Ambiente, ainda estão em análise, mas que podem passar por subsídios diretos, linhas de crédito e benefícios fiscais. Matos Fernandes revelou que podem ser usadas verbas do quadro comunitário 2020 para taxas de financiamento mais favoráveis e revelou que neste pacote de medidas também estão a ser pensadas soluções para compensar os aumentos do gás de botija que deixou de ser regulado e que nos últimos 9 meses já aumentou 17 por cento.

Apesar da eventual necessidade de diversificar os mercados de compra de energia, devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, o ministro do Ambiente exclui a possibilidade de retomar a produção de eletricidade a partir do carvão. Admite que Portugal importou mais eletricidade no último mês, mas apenas porque está a ser mais barato comprar no exterior do que produzir nas centrais de ciclo combinado a gás. Sobre o facto de Portugal continuar a importar gás na Rússia, nomeadamente com a chegada de um navio metaneiro este fim de semana, Matos Fernandes considera que se trata de "uma gota de água" relativamente às importações do centro da Europa.

Ainda assim, a aposta nas renováveis, segundo o ministro, é para continuar e nesta entrevista Matos Fernandes revelou que esta semana foi fechado a primeira fase para o leilão do solar flutuante, que vai começar em abril, e houve 12 concorrentes para os 7 lotes disponíveis.

Sobre a situação de seca, o ministro Matos Fernandes considerou que, a manter-se a previsão de chuva da próxima semana, poderá ser possível aliviar a restrição de produção de eletricidade numa das barragens da bacia do rio Lima.

Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Hugo Neutel do Jornal de Negócios
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