Dedicação plena: "não me parece que vá resolver o problema do SNS"

por Antena 1

O modelo de dedicação plena não vai resolver o problema da falta de médicos no SNS. Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, o CEO do Grupo Lusíadas Saúde, Vasco Antunes Pereira considera que não é só por via dos salários que o Serviço Nacional de Saúde vai conseguir reter os médicos que precisa.
Defende que seja aumentada a capacidade formativa e a retenção desses médicos em Portugal, um desafio para público e privado.
O CEO do Grupo Lusíadas, que durante 14 anos foi responsável pela gestão do Hospital de Cascais, vê de forma positiva um regresso das PPP (parcerias público-privadas) para os hospitais, mas diz que só estão disponíveis para voltar a concorrer se o contrato for sustentável.

Lembra que não continuaram com o hospital de Cascais porque a conta era deficitária para o grupo. Adianta que à data explicou isso ao ministério da Saúde e considera que a entrega da gestão a um operador espanhol sem outra presença no mercado nacional foi arriscada.

Para Vasco Antunes Pereira, há 3 condições para uma PPP ser bem-sucedida. Sem elas, explica, não faz sentido as PPP serem reativadas pelo próximo governo.
O CEO do Lusíadas Saúde mostra-se ainda disponível para continuar a colaborar com o SNS e lembra que o privado tem de continuar a ser uma alternativa. Considera que para ser bem-sucedido o SNS não pode continuar a aumentar unidades e tem de fazer opções para ser mais eficiente.
Até porque, considera, o SNS não pode continuar a ser alvo de ideologias políticas sobretudo de extremismos.

Em relação à ADSE, Vasco Antunes Pereira confirma que os privados nunca chegaram a pagar a fatura que o sistema reclamava e que levou mesmo a uma rotura. Segundo explica, a ADSE nunca chegou a dizer o que pretendia fazer com a conta e por isso admite que um dia essa fatura do passado possa voltar.

O grupo faturou 370 milhões em 2023 e pretende chegar aos 400 milhões em 2024 com um conjunto de investimentos previstos que passam nomeadamente pela abertura de mais unidades. Só nas existentes o investimento a realizar será de 38 milhões.

Recentemente o Grupo comprou as clínicas Dr Well’s à Sonae e abriu um novo hospital em Vilamoura. Entretanto já tinham aberto o novo Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira e reforçado o Hospital Lusíadas Porto e o Hospital Lusíadas Braga. Em lisboa, no final do ano passado, compraram o hospital do Monsanto, em Alfragide, ligado a saúde mental ficando com três hospitais (Lusíadas Lisboa, Lusíadas Amadora e Hospital Monsanto) e duas clínicas na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Entrevista de Rosário Lira (Antena 1) e de Vítor Rodrigues Oliveira (Jornal de Negócios)

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