Mendonça Mendes garante: PS não vai apresentar alterações à proposta de OE26 que ponham em causa o equilíbrio das contas públicas e o saldo orçamental

O PS não vai apresentar alterações à proposta de Orçamento do Estado para 2026 que ponham em causa o equilíbrio das contas públicas e o saldo orçamental. Os socialistas querem saber onde estão os mil milhões de euros correspondentes aos descontos em Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP ) e o que será feito com esta verba. Falam em desorçamentação na saúde e lembram ao Governo que não pode brincar com o fogo e criar expectativas erradas ao prometer 10 mil milhões de euros para a habitação. Por isso o PS garante que será exigente com o Governo e com as promessas que fez. Remete as suas alterações em sede de OE para momento posterior às explicações que aguarda que o Governo dê, nomeadamente, durante o debate na generalidade.

Rosário Lira /

Imagem e edição vídeo de Pedro Chitas

O PS não vai apresentar alterações à proposta de Orçamento do Estado para 2026 que ponham em causa o equilíbrio das contas públicas e o saldo orçamental

A garantia é dada por António Mendonça Mendes, vice-presidente da bancada parlamentar do PS e antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, em entrevista ao programa Conversa Capital, da Antena1 e do Jornal de Negócios.
Até 7 de novembro, data limite para a apresentação de propostas em sede de especialidade, o PS vai dar o seu contributo em áreas que definiu como prioritárias, como a habitação, mas com a certeza de que "tal como em nossa casa, não pode ser chapa ganha chapa gasta".

Para não pôr em causa o saldo orçamental, Mendonça Mendes faz depender as propostas a apresentar pelo PS de informações e explicações do Governo, nomeadamente sobre o ISP

Mendonça Mendes quer saber onde estão os mil milhões de euros correspondentes aos descontos em ISP. O antigo secretário de Estado acusa o Governo de não estar a dizer a verdade sobre a negociação com Bruxelas em relação ao fim dos apoios aos combustíveis.
 Lembra que o PS já pediu para que seja facultada a troca de correspondência entre o Governo e as instâncias europeias sobre esta matéria. 

Segundo o deputado do PS, ou o quadro da receita estimada já prevê a reversão dos descontos, e o Governo não está a dizê-lo, ou não prevê e, se assim for, isso "significa que há uma receita extraordinária no próximo ano que depende apenas da caneta do ministro das Finanças”. 

O PS considera que essa verba, de mil milhões de euros dos descontos do ISP deve ser a Assembleia da República a decidir o que fazer com ela.
 Em relação à saúde, Mendonça Mendes fala em suborçamentação.
O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais diz que a "a política orçamental do governo não é prudente". 

Dá como exemplo a habitação com a promessa de 10 mil milhões de euros do Ministro das Infraestruturas que não tem cabimento em sede de Orçamento. "O Governo não pode brincar com o fogo e criar expectativas erradas às pessoas".
 Mendonça Mendes diz que o que está a inviabilizar um aumento extraordinário das pensões é a baixa do IRC. 

E acusa o Governo de faltar à verdade, ao contrário do que Pedro Passos Coelho faria.
Apesar de com a sua abstenção garantir a aprovação do Orçamento do Estado, Mendonça Mendes assegura que o PS vai fazer uma oposição exigente e, nesse sentido, exigir o cumprimento daquelas que foram as promessas do Governo.

Ainda assim, admite que o PS possa rever a sua posição de voto, na votação final global do Orçamento se, ao contrário do previsto, em sede de especialidade, forem aprovadas medidas relacionadas com o pacote laboral, a estrutura da saúde ou a segurança social.
Sobre as alterações à legislação do trabalho, Mendonça Mendes garante que o PS continuará a votar contra a proposta.

No entanto, admite uma análise da posição se houver um acordo sobre o assunto em sede de concertação social.

Entrevista conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Susana Paula, do Jornal de Negócios. 



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