Não há aumentos excessivos dos prémios de seguro

Não há excesso nos aumentos dos prémios de seguros e as seguradoras estão a adotar medidas para proteger o rendimento das famílias, sem pôr em causa a sua saúde financeira. Ainda assim, há uma descida dos seguros ligados ao crédito bancário, mas o sector mantém-se robusto.

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Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, a presidente do Conselho de Administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Margarida Corrêa de Aguiar, diz que o sector está a refletir nos prémios a taxa de inflação, mas com ponderação para proteger o rendimento das famílias. Garantiu que a ASF está a fazer a monitorização das recomendações que publicou nesse sentido e que passam, nomeadamente, por ajustamentos nos tarifários, flexibilidade no pagamento de prémios de seguros e celeridade nos pagamentos.

Segundo Margarida Corrêa de Aguiar, apesar dos impactos da inflação e dos juros, o setor continua resiliente. Os dados do exercício de análise de sensibilidade que já foram recolhidos mostram isso mesmo. A solvência das seguradoras está em níveis confortáveis e os níveis de financiamento de fundos de pensões “estão até mais fortes". Conclusão: Há robustez financeira no sector.

Os resultados líquidos em 2022 ficaram abaixo dos registados em 2021, mas este ano apesar de todas as dificuldades e das quebras nos seguros associados ao crédito bancário, a ASF espera que o sector continue a crescer. A presidente da ASF adiantou ainda que já se sente o impacto do abrandamento do crédito hipotecário e do crédito ao consumo nos seguros. Uma tendência que vem de 2022 e que está a manter-se. Mas rejeita que seja o preço dos prémios dos seguros que esteja a contribuir para essa situação.

Em relação em concreto às renovações das apólices de seguros automóvel, multirrisco e saúde, que justificam alterações dos prémios pagos pelos clientes, a presidente da ASF diz que as recomendações feitas pela Autoridade estão a ser bem aceites e trabalhadas pelas empresas e assegura que em janeiro de 2024 vai ser obrigatório dar a conhecer o diferencial no aviso de pagamento e explicar ao consumidor porque é que a alteração se verifica.

Relativamente aos seguros de saúde, apesar de ter sido um dos ramos do sector com maior crescimento (12%), as reclamações são poucas. No que se refere à poupança, Margarida Corrêa de Aguiar revela que segundo um estudo feito recentemente pela ASF, metade da população não poupa para a reforma e dos que poupam, 60 por cento utilizam o PPR. A presidente da Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões considera que é preciso encontrar alternativas para a poupança de longo prazo, porque o PPR deixou de ser um produto puramente de reforma. Margarida Corrêa de Aguiar considera o PEPP - Produto Individual de Reforma Pan Europeu - uma oportunidade que deve ser bem aproveitada e acompanhada de um pacote fiscal.

Entrevista conduzida por Rosário Lira (Antena1) e Hugo Neutel (Jornal de Negócios).
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