"A última fase da batalha". Inglaterra entra em novo confinamento

por Joana Raposo Santos - RTP
O novo confinamento irá durar pelo menos sete semanas. Reuters

Perante uma subida desmesurada de casos de Covid-19, o primeiro-ministro britânico anunciou a imposição de um novo confinamento nacional em Inglaterra, o mais duro desde março. Boris Johnson alertou que as semanas que se seguem "serão as mais difíceis até agora", mas relembrou que a administração de vacinas contra o novo coronavírus representa "a última fase da batalha".

Todas as pessoas devem ficar em casa, podendo realizar exercício no exterior apenas uma vez por dia, as escolas vão encerrar e todos os serviços não-essenciais estarão fechados. Estas são as principais medidas anunciadas pelo chefe do Executivo britânico para Inglaterra, depois de também a Irlanda do Norte, o País de Gales e a Escócia terem ordenado confinamentos.

A decisão de Boris Johnson baseou-se nos números da Covid-19 em território britânico, onde até ao fim de janeiro seriam ultrapassadas as 100 mil mortes caso não fossem tomadas ações urgentes, explicou o primeiro-ministro.

Este novo confinamento irá durar pelo menos sete semanas, altura em que as medidas de contenção serão revistas, pelo que até 22 de fevereiro não deverá haver qualquer alívio das mesmas.

O encerramento de escolas está a gerar alguma polémica no país, pois foi anunciado apenas um dia depois de o próprio Boris Johnson ter apelado aos milhões de alunos ingleses a que voltassem às aulas para iniciar o segundo período. Afinal, os estudantes irão passar mais de um mês em ensino à distância.

O primeiro-ministro admitiu que os pais devem estar a perguntar-se, “razoavelmente, por que razão não tomámos esta decisão mais cedo”. “Compreendo completamente a inconveniência e a dificuldade que esta mudança tardia trará a milhões de pais e alunos por todo o país”, lamentou.

Boris Johnson aproveitou a sua mensagem ao país, na noite de segunda-feira, para transmitir a esperança de que 12,2 milhões das pessoas mais vulneráveis da sociedade – idosos e funcionários de lares, profissionais de saúde, pessoas com mais de 70 anos ou com doenças – possam ser vacinadas até meados de fevereiro.

“Esta é a última fase da nossa batalha”, afiançou o chefe de Governo, acrescentando que “com cada vacina que entra nos nossos braços, estamos a diminuir as probabilidades da Covid-19 em nosso favor e em favor de todo o povo britânico”.
Nova variante espalha-se a velocidade preocupante
Boris Johnson atribuiu o aumento do número de casos no Reino Unido à nova variante do SARS-CoV-2 que lá foi detetada e que, aparentemente, aumenta a transmissibilidade do vírus. “Não há dúvidas de que, na luta contra a antiga variante do vírus, os nossos esforços coletivos estavam a funcionar e teriam continuado a funcionar”, defendeu.

“Mas agora temos uma nova variante do vírus. Tem sido frustrante e alarmante ver a velocidade com que a nova variante está a espalhar-se”.

Segundo Boris Johnson, há agora quase 27 mil pacientes internados em hospitais de Inglaterra, mais 30 por cento do que há uma semana. Por todo o Reino Unido foram contados mais de 80 mil testes positivos a 29 de dezembro, cerca de três vezes mais do que no início desse mês, o que poderá dever-se ao alívio de medidas na época natalícia.

Com o número de mortes no Reino Unido a ultrapassar as 91 mil e especialistas a temer que cheguem às 100 mil antes do fim de janeiro, foi recomendado ao Governo que o nível de alerta Covid fosse elevado para o mais alto.

“Não estamos confiantes de que o Serviço Nacional de Saúde possa lidar com um aumento ainda maior de casos e, sem o agravamento das medidas de contenção, há um risco material de que o SNS passe a estar sobrecarregado em várias áreas nos próximos 21 dias”, escreveram os especialistas de saúde do Governo britânico.
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