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COVID-19
Covid-19. O mercado das vacinas e as fortunas das farmacêuticas
Quase desde que a pandemia da Covid-19 assolou o mundo e a normalidade das sociedades, que todas as atenções se viraram para a indústria farmacêutica na ânsia de se encontrar uma solução para a crise sanitária global. Mas, o que para a maioria é a procura pela imunidade e o regresso à vida normal, para os grandes do setor a descoberta e produção das vacinas representam retornos financeiros e receitas de vendas anuais na casa dos milhões.
Em novembro do ano passado, os analistas do setor farmacêutico estimavam que o mercado das vacinas contra a Covid-19 pudesse chegar a valer mais de 10 mil milhões de dólares por ano.
Os dois fundadores da BioNTech, um casal de médicos, tornaram-se multimilionários em 2020, quando o potencial da vacina e a parceria com a Pfizer levaram a que as ações disparassem.
A empresa também se comprometeu a fornecer a vacina sem fins lucrativos durante a pandemia e cobra entre os 4,30 e os 10 dólares pelas duas doses.
Apesar de ter sido das primeiras a anunciar uma vacina, nos últimos 12 meses as suas ações desvalorizaram cerca de 8,6 por cento.
Os cálculos, revelados na altura pela Financial Times, foram feitos pelos analistas do Morgan Stanley e do Credit Suisse e assumiam que as pessoas iriam precisar de tomar a vacina contra a Covid-19 todos os anos, tal como acontece atualmente com a vacina da gripe. Sendo o custo estimado por dose de 20 dólares, o mercado seria de pelo menos 10 mil milhões de dólares, apenas contando com os países desenvolvidos.
Esta é uma realidade que reflete bem o potencial do mercado das vacinas, que equivale à receita anual de dez medicamente considerados de sucesso.
Agora que a vacinação já decorre na maioria dos países desenvolvidos e que há pelo menos cinco vacinas já aprovadas pelos reguladores dos medicamentos, estima-se que o mercado de vacinas global chegue às dezenas de milhar de milhão de dólares em vendas anuais para algumas empresas farmacêuticas e respetivos accionistas.
Entre as empresas com maiores lucros estarão a Moderna e a Pfizer, revela o Guardian, uma vez que ambas as farmacêuticas norte-americanas cobram mais de 30 dólares por pessoa pelas duas doses da vacina.
Mas também as empresas que se comprometeram a fornecer as vacinas sem fins lucrativos até o fim da pandemia, como a britânica AstraZeneca e a norte-americana Johnson & Johnson, poderão arrecadar milhões de dólares, estando a assistir à valorização das suas ações nos últimos meses.
Mas também as empresas que se comprometeram a fornecer as vacinas sem fins lucrativos até o fim da pandemia, como a britânica AstraZeneca e a norte-americana Johnson & Johnson, poderão arrecadar milhões de dólares, estando a assistir à valorização das suas ações nos últimos meses.
Farmacêuticas norte-americanas no topo da lista
A Moderna foi fundada há apenas 11 anos, nunca teve lucro e empregou apenas 830 funcionários na ainda antes da pandemia. Já a Pfizer remonta a 1849, teve um lucro líquido de 9,6 mil milhões de dólares só no ano passado e tem mais de 80 mil funcionários.
Embora diferentes, as duas empresas do setor farmacêutico estão no topo da lista das que estimam ter mais receita em 2021 com a venda de vacinas contra a Covid-19.
A vacina Comirnaty da Pfizer, desenvolvida com a alemã BioNTech, é produzida à base do RNA mensageiro - a molécula que envia instruções genéticas do DNA para a produção das proteínas da célula. Esta foi a primeira a ser aprovada e deve ser armazenado em temperaturas abaixo do 80 graus negativos.
Embora tenha procedimentos logísticos mais complexos, uma vez que implica ter sistemas de refrigeração adequados, vários países encomendaram cerca de 780 milhões de doses, incluindo os EUA (200 milhões de doses por 3,9 mil milhões de dólares) e a União Europeia(300 milhões de doses), enquanto 40 milhões de doses serão distribuídos em países menos desenvolvidos, através da Covax.
Nos EUA, as duas doses custam 39 dólares. Na UE cerca de 30 dólares (aproximadamente 25 euros).
Em 2021, os analistas estimam que os lucros da Pfizer e da BioNTech sejam entre os 15 mil milhões de dólares e os 30 mil milhões.
Embora tenha procedimentos logísticos mais complexos, uma vez que implica ter sistemas de refrigeração adequados, vários países encomendaram cerca de 780 milhões de doses, incluindo os EUA (200 milhões de doses por 3,9 mil milhões de dólares) e a União Europeia(300 milhões de doses), enquanto 40 milhões de doses serão distribuídos em países menos desenvolvidos, através da Covax.
Nos EUA, as duas doses custam 39 dólares. Na UE cerca de 30 dólares (aproximadamente 25 euros).
Em 2021, os analistas estimam que os lucros da Pfizer e da BioNTech sejam entre os 15 mil milhões de dólares e os 30 mil milhões.
Segundo os mesmos dados, divulgados este sábado, nos últimos 12 meses as ações da Pfizer aumentaram 1,8 por cento e os da BioNTech 156 por cento.
Os dois fundadores da BioNTech, um casal de médicos, tornaram-se multimilionários em 2020, quando o potencial da vacina e a parceria com a Pfizer levaram a que as ações disparassem.
A vacina da Moderna, com uma logística de armazenamento menos complexa - deve ser armazenada em temperaturas inferores a 20 graus negativos - também prevê lucros multimilionários este ano.
O Reino Unido encomendou 17 milhões de doses, a UE comprou 310 milhões com a opção de mais 150 milhões em 2022, e os EUA mais 300 milhões de doses. Cada vacina (duas inoculações) custa cerca de 30 dólares nos EUA e 36 na União Europeia.
Segundo o analista do Barclays, Gena Wang, a Moderna pode ter uma receita entre os 18 mil milhões e os 20 mil milhões de dólares este ano.
De facto, para uma empresa bem mais pequena que a concorrente Pfizer e quase sem lucros anteriores, a Moderna viu as suas ações valorizarem, nos últimos 12 meses, mais 372 por cento.
Os investidores que apoiaram a empresa quando foi fundada em 2010 terá obtido retornos substanciais. Só o presidente-executivo, Stéphane Bancel, um executivo francês de 48 anos, possui 9 por cento das ações, que valem atualmente quase cinco mil milhões de dólares.
O Reino Unido encomendou 17 milhões de doses, a UE comprou 310 milhões com a opção de mais 150 milhões em 2022, e os EUA mais 300 milhões de doses. Cada vacina (duas inoculações) custa cerca de 30 dólares nos EUA e 36 na União Europeia.
Segundo o analista do Barclays, Gena Wang, a Moderna pode ter uma receita entre os 18 mil milhões e os 20 mil milhões de dólares este ano.
De facto, para uma empresa bem mais pequena que a concorrente Pfizer e quase sem lucros anteriores, a Moderna viu as suas ações valorizarem, nos últimos 12 meses, mais 372 por cento.
Os investidores que apoiaram a empresa quando foi fundada em 2010 terá obtido retornos substanciais. Só o presidente-executivo, Stéphane Bancel, um executivo francês de 48 anos, possui 9 por cento das ações, que valem atualmente quase cinco mil milhões de dólares.
Embora tenha surgido e sido aprovada mais tarde que as anteriores, a vacina da Johnson & Johnson também é já uma das mais procuradas no mercado global. Esta vacina, já aprovada pelos reguladores norte-americanos, distingue-se de todas as outras por garantir imunidade ao SARS-CoV-2 apenas com uma inoculação (e não duas) - por essa razão, os analistas esperam lucros menores, mas ainda assim esta farmacêutica norte-americana é das que terá maior receita anual.
Já com milhões de doses encomendadas nos EUA, Reino Unido, União Europeia e países da Covax, a Johnson & Johnson prevê uma receita de 10 mil milhões de dólares este ano.
Cada vacina desta empresa está a ser vendida, aos EUA, por 30 dólares.
Apesar de as ações da farmacêutica terem aumentado menos do que as concorrentes, ainda assim valorizaram 7,7 por cento no último ano.
Recorde-se que a Johnson & Johnson comprometeu-se a produzir vacinas mais baratas, sem fins lucrativos e a doar à Covax para distribuir pelas populações mais pobres.
Vacinas mais baratas ainda com receitas milionárias
A vacina da AstraZeneca, desenvolvida com a Universidade de Oxford, é das vacinas mais baratas do mercado e com a logística mais prática, uma vez que pode ser armazenada num frigorifico.
Embora a farmacêutica britânica também participe no projeto Covax, já tem grandes encomendas do Reino Unido (100 milhões), da UE (até 400 milhões), dos EUA (300 milhões) e do Japão (120 milhões).
Os analistas da SVB Leerink prevêem que esta empresa tenha uma receita entre os 1,9 mil milhões de dólares e os três mil milhões em 2022.
Embora a farmacêutica britânica também participe no projeto Covax, já tem grandes encomendas do Reino Unido (100 milhões), da UE (até 400 milhões), dos EUA (300 milhões) e do Japão (120 milhões).
Os analistas da SVB Leerink prevêem que esta empresa tenha uma receita entre os 1,9 mil milhões de dólares e os três mil milhões em 2022.
Embora não se saiba exatamente os valores estimados para 2021, espera-se que sejam ainda superiores se a AstraZeneca atingir a ambiciosa meta dos três mil milhões de doses.
A empresa também se comprometeu a fornecer a vacina sem fins lucrativos durante a pandemia e cobra entre os 4,30 e os 10 dólares pelas duas doses.
Apesar de ter sido das primeiras a anunciar uma vacina, nos últimos 12 meses as suas ações desvalorizaram cerca de 8,6 por cento.
A vacina chinesa Sinovac, aprovada pelo regulador da China, ainda só está em uso no próprio país, na Túrquia e na Indonésia, mas também prevê um lucro anual na casa dos milhares de milhão de dólares, uma vez que está à espera de aprovação em países como o Brasil, Chile, Singapura, Malásia e Filipinas.
Embora a farmacêutica tenha prometido fornecer 10 milhões de doses de vacina para os países da Covax, estima-se que produza mais de mil milhões de doses em 2021. Os valores da receita não são claros, mas cada duas doses desta vacinas custam 60 dólares.
Já a vacina russa Sputnik V, que não foi aprovada na UE, pretende produzir 1,4 mil milhões de doses este ano. Esta vacina é distribuída gratuitamente na Rússia mas a farmacêutica prevê vender para mais de 50 países, por cerca de 20 dólares pelas duas doses - não se sabe exatamente os valores previstos a receita para 2021, mas estima-se que rondem também os mil milhões.
Tanto a vacina da norte-americana Novavax e a vacina alemã CureVac aguardam resultados finais de ensaios clínicos e aprovação dos reguladores de medicamentos dos EUA e da UE, mas ambas prevêem receitas de "vários mil milhões de dólares" em 2021, se começarem a distribuir para outros países.
Além disso, embora ainda nenhuma esteja já em uso, ambas viram as suas ações valorizarem nos últimos 12 meses: mais 1.128 por cento a Novavax e mais 45,5 por cento a Cure Vac.
Não se sabe, no entanto, se o mercado vai continuar a gerar receitas de valores semelhantes no futuro. Vai depender da necessidade de vacinação da população: tanto poderá ser de vacinação única, como a vacina do Sarampo, como de vacinação regular, como a da gripe. Mas, no futuro imediato, prevêem-se grandes retornos financeiros.
Não se sabe, no entanto, se o mercado vai continuar a gerar receitas de valores semelhantes no futuro. Vai depender da necessidade de vacinação da população: tanto poderá ser de vacinação única, como a vacina do Sarampo, como de vacinação regular, como a da gripe. Mas, no futuro imediato, prevêem-se grandes retornos financeiros.