Epicentro da pandemia. Três anos depois, parte de Wuhan volta ao confinamento

por Carlos Santos Neves - RTP
Foi na cidade chinesa de Wuhan que surgiu o primeiro caso conhecido de covid-19 China Daily via Reuters (arquivo)

As autoridades chinesas estão a implementar um confinamento parcial em Wuhan, onde, em 2019, foi detetado o primeiro caso conhecido de infeção pelo SARS-CoV-2. Há agora mais de 800 mil pessoas submetidas a restrições de circulação naquela cidade do centro da China. Outros centros urbanos do país estão também a debater-se com novos surtos da covid-19, selando ruas e habitações.

A China reportou esta quinta-feira mais de mil novos casos de covid-19 à escala nacional – pelo terceiro dia consecutivo. Quando comparados com os balanços diários de dezenas de milhares de infeções em Xangai, no passado recente, os números atuais parecem escassos. Mas a política de zero covid empreendida por Pequim volta a ditar um aperto das restrições.

No caso de Wuhan, foram oficialmente reportadas, esta semana, 20 a 25 infeções diárias. A cidade registou um total de 240 casos nos últimos 14 dias. Números suficientes para que as autoridades ordenassem o confinamento de mais de 800 mil pessoas, num único distrito, até ao próximo domingo.

Outras medidas sanitárias implementadas em Wuhan passam pela suspensão da venda de porco em zonas específicas. Isto depois de as autoridades terem associado um caso de covid-19 à cadeia local de distribuição de carne.
“Para reduzir o risco de infeção”
No quarto maior centro económico da China, a cidade de Guangzhou, capital provincial de Guangdong, as autoridades selaram esta quinta-feira mais ruas e bairros, ao cabo de quatro semanas de recrudescimento dos casos de covid-19 associados à variante Ómicron.Em Pequim, o parque temático Universal está encerrado desde quarta-feira, depois de um visitante ter testado positivo para o SARS-CoV-2.

em Xining, capital provincial de Qinghai, o cenário patente nas redes sociais é de escassez de alimentos e escalada de preços de bens essenciais. Naquela cidade de 2,5 milhões de habitantes, os responsáveis chineses enfrentam o que parece ser um aumento de casos causado pelas celebrações do Dia Nacional, no início de outubro.

“Para reduzir o risco de transmissão, algumas lojas de vegetais e frutas foram encerradas e colocadas em quarentena”, anunciou na quarta-feira um responsável da administração de Xining.
Surto na maior fábrica de iPhones do mundo
Em Zhengzhou, está confirmado um surto na fábrica que é conhecida por ser a maior unidade de produção de iPhones do mundo. Trabalham ali cerca de 300 mil pessoas. O Foxconn Technology Group, que gere o complexo, alega ainda assim que “a operação e a produção” permanecem “relativamente estáveis”.

“Estão a ser aplicadas medidas de saúde e segurança para os trabalhadores”, afirmava ontem a empresa em comunicado, acrescentando que os profissionais podem contar com “garantias para os modos de vida, incluindo aprovisionamentos materiais” e “conforto psicológico”.

Sem detalhar o alcance do surto, o grupo tecnológico limitou-se a dizer que se trata de “um número pequeno” de casos e que são “patentemente falsos” os rumores sobre dezenas de milhares de infeções: “Atualmente, o trabalho de prevenção epidémica em Zhengzhou está a progredir estavelmente e o impacto é controlável”.

c/ agências
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