Novavax anuncia vacina contra a Ómicron para janeiro

por RTP
Vacina contra a Covid-19 DR

A Novavax espera poder produzir já em Janeiro uma vacina contra a variante do SARS-CoV-2 identificada há uma semana na África-do-Sul e denominada Ómicron. As farmacêuticas Moderna e Pfizer já começaram também a desenvolver as suas próprias vacinas especialmente talhadas para enfrentar a nova estirpe do vírus que causa a Covid-19.

A empresa biotecnológica anunciou que está a desenvolver um antigénio específico contra as espirais proteicas da Ómicron, com testes previstos em poucas semanas. A Novavax afirmou esta quinta-feira que deverá poder começar a fabricar a vacina comercial no próximo mês, ao mesmo tempo que verifica a eficácia da atual vacina contra a nova variante do SARS-CoV-2.

Dados laboratoriais irão demonstrar entretanto se os anticorpos de quem recebeu anteriormente a vacina da Novavax podem ou não neutralizar a Ómicron, referiu fonte da empresa especialista no fabrico de vacinas proteicas.

Em Israel sublinha-se a importância da vacinação para conter também a nova variante, estando a ser reportados sinais positivos quanto à infeciosidade da Ómicron e a reação de pessoas vacinadas há menos de seis meses ou recuperadas da doença no mesmo período.

De acordo com um estudo publicado no início da semana pelo canal israelita Channel 12, a vacina da Pfizer será ligeiramente menos eficaz contra a Ómicron do que contra a variante Delta – 90 por cento no primeiro caso face a 95 por cento do segundo – mantendo a eficácia de cerca de 93 por cento na prevenção de sintomas graves, pelo menos entre as pessoas vacinadas com reforço.

O mesmo estudo indicou que a Ómicron é mais infeciosa do que a Delta, como se temia, mas somente cerca de 1.3 vezes mais elevada.

Em contraste, as pessoas não vacinadas infetadas com a Ómicron têm uma probabilidade 2.4 maior de desenvolver sintomas graves de Covid-19, refere a mesma investigação.

“Há lugar a otimismo, com as primeiras indicações a revelarem que as pessoas com vacinação ainda válida ou com dose de reforço também estarão protegidas contra esta variante”, afirmou terça-feira o ministro israelita da Saúde, Nitzan Horowitz.

Israel identificou já quatro pessoas infetadas no país com a nova variante do SARS-CoV-2, que tem estado a preocupar as autoridades sanitárias de todo o mundo.

“A vacina é realmente crucial neste momento”, afirmou Horowitz. “Quem quer que fique exposto à variante sem estar vacinado estará a expor-se a um risco desnecessário”.
Disseminação veloz
Os dados publicados pelo Channel 12 não foram ainda entregues ao Ministério da Saúde de Israel. A diretora-geral dos Serviços Públicos de Saúde do país, Sharon Alroy-Preis, espera receber já esta quinta-feira as primeiras informações sobre a eficácia das vacinas contra a Covid-19 quanto à Ómicron. “A maior preocupação para nós é a rapidez da disseminação da variante na África-do-Sul”, disse Alroy-Preis ao Comité do Knesset para os Negócios estrangeiros, lembrando que em apenas 10 dias o número de casos explodiu naquele país, de 200 para 2.000.

“Daquilo que ouvimos, os vacinados não têm sintomas significativos, é uma doença suave, mas para já trata-se de informação preliminar”, afirmou. “Hoje teremos os primeiros dados sobre a eficácia da vacina”.

A responsável explicou ainda a necessidade de utilizar o sistema de seguimento do Shun Beit, a Agência de Segurança de Israel, para localizar quem tenha estado em contacto com os indivíduos infetados com a nova variante ou com suspeito de contágio.

O sistema do Shin Beit é uma das nossas ferramentas para identificar e interromper as cadeias de transmissão”, afirmou Alroy-Preis. “O tempo que ganhamos está a ajudar-nos a vacinar a população e dar maior proteção aos nossos cidadãos”, acrescentou.

Até terça-feira a tecnologia tinha sido utilizada para rastrear os contactos de 13 pessoas, tendo sido identificados 186 indivíduos, entre os quais 42 com suspeita de contágio.

Estes casos vão ser testados e, caso o resultado seja positivo para Covid-19, será feita uma análise genética para identificar a variante infeciosa em causa.

Alroy-Preis sublinhou aos deputados que a tecnologia de seguimento deixará de ser eficaz se o número de casos superar algumas centenas.

Dois dos casos identificados em Israel com a variante Ómicron são dois cardiologistas do Centro Médico de Sheba, que estão a ter “sintomas muito ligeiros” de Covid-19, de acordo com um porta-voz do hospital. Ambos os médicos têm a dose tripla da vacina da Pfizer contra a Covid-19.

Um dos clínicos, com pouco mais de 40 anos, será o responsável pela introdução da Ómicron no país. Foi infetado numa conferência médica em Londres, tendo os seus testes antes e após o voo de regresso a Israel tido resultados negativos. Dias depois, ao desenvolver sintomas e depois de um teste positivo, foi realizada a sequenciação, que confirmou terça-feira a nova variante.

Antes de entrar em isolamento, o médico colocou diversos cateteres cardíacos a outros tantos pacientes e participou em pelo menos dois outros grandes eventos. Contactou igualmente com o outro cardiologista, de 70 anos, confirmado como novo caso de contágio com a variante Ómicron em Israel.
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