Programa da OMS vai comprar antivirais para combater a Covid-19

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

Um programa liderado pela Organização Mundial da Saúde para permitir que os países mais pobres tenham acesso justo a vacinas, testes e tratamentos contra a Covid-19 visa garantir medicamentos antivirais para pacientes com sintomas leves por dez dólares.

Segundo a Reuters, que teve acesso a um rascunho do documento, é provável que o comprimido experimental Molnupiravir da Merck &Co seja um dos medicamentos usados.

No entanto, outros medicamentos para tratar doentes com sintomas leves estão a ser desenvolvidos.

O documento, que traça as metas do Acelerador de Ferramentas de Acesso ao Covid-19 (ACT-A) até setembro de 2022, revela que o programa quer entregar cerca de mil milhões de testes Covid-19 às nações mais pobres e adquirir medicamentos para tratar até 120 milhões de pessoas em todo o mundo, de cerca de 200 milhões de novos casos estimados nos próximos 12 meses.

Os planos revelam a forma como a OMS quer reforçar o financiamento de medicamentos e testes a um preço relativamente baixo, depois de perder a corrida das vacinas para os países mais ricos, que ficaram com grande parte dos suprimentos mundiais, deixando os países mais pobres com um número muito reduzido de vacinas.

Um porta-voz da ACT-A afirmou que o documento, datado de 13 de outubro, ainda é um rascunho sob consulta e recusou comentar o seu conteúdo antes de estar finalizado.

O documento será também enviado aos líderes mundiais antes de ser debatido numa reunião do G20 no final deste mês.Financiamento adicional de 522,8 mil milhões A ACT-A pede ao G20 e a outros doadores um financiamento adicional de 22,8 mil milhões de dólares até setembro de 2022, que será necessário para comprar e distribuir vacinas, medicamentos e testes para os países mais pobres de forma a reduzir a lacuna entre os países mais ricos.

Os doadores já prometeram 15,5 mil milhões de dólares para o programa.

Os pedidos de financiamento são baseados em estimativas detalhadas sobre o preço dos documentos, tratamentos e exame, que vão contabilizar as maiores despesas do programa juntamente com o custo da distribuição das vacinas. Molnupiravir com resultados positivosApesar de não citar diretamente o Molnupiravir, o documento da ACT-A espera pagar 10 dólares para “novos antivirais orais para pacientes com sintomas leves e moderados”.

Outros comprimidos para tratar pacientes com sintomas leves estão a ser desenvolvidos, mas o Molnupiravir é o único que mostrou resultados positivos nas fases finais de teste. A ACT-A está em negociações com a Merck & Co e produtores de genéricos para comprar o medicamento.


No entanto, um estudo da Universidade de Harvard estimou que o Molnupiravir poderá custar cerca de 20 dólares se for produzido por farmacêuticos genéricos, com o preço caindo para 7,7 dólares em produção otimizada.

A Merck & Co tem acordos de licenciamento com oito fabricantes indianos de medicamentos genéricos.

A meta ACT-A é chegar a um acordo até ao final de novembro para garantir o fornecimento de “um medicamento oral em ambulatório”, que pretende que esteja disponível a partir do próximo trimestre de 2022.

A verba arrecadada seria inicialmente usada para “apoiar a aquisição de 28 milhões de comprimidos para tratamento de pacientes com sintomas ligeiros e moderados nos próximos 12 meses, dependendo da disponibilidade do produto e orientação clínica”.

A ACT-A pretende também abordar as necessidades médicas de oxigénio essenciais para seis a oito milhões de doentes graves e críticos até setembro de 2022. Investimento maciço em testes O programa prevê também um forte investimento em testes de diagnóstico da Covid-19, para duplicar o número realizado em países mais pobres.

Dos 22,8 mil milhões de dólares que a ACT-A espera arrecadar nos próximos 12 meses, cerca de um terço e a maior parcela será gasta em diagnóstico.

Atualmente, os países mais pobres realizam, em média, cerca de 50 testes por 100 mil pessoas diariamente, contra 750 nos países mais ricos.


A ACT-A quer levar que as taxas de testes para um mínimo de 100 testes por 100 mil habitantes nas nações mais pobres.

O reforço da testagem também poderá ajudar a detetar possíveis novas variantes, que tendem a propagar quando as infeções alastram e, portanto, são mais prováveis em países com baixas taxas de vacinação. Isso significa entregar nos próximos 12 meses cerca de 101 vezes mais do que a ACT-A comprou até agora.

A maior parte seriam testes rápidos de antigénio a um preço de cerca de três dólares, e apenas 15 por cento seriam gastos em testes moleculares, que são mais precisos, mas demoram mais tempo a entregar os resultados e custam cerca de 17 dólares.

O objetivo dos testes é encurtar a lacuna entre ricos e pobres, já que apenas 0,4 por cento dos cerca de três mil milhões de testes realizados em todo o mundo foram feitos em países pobres.

O documento desataca ainda que “o acesso à vacina é altamente inequitativo, com a cobertura variando de um por cento a mais de 70 por cento, dependendo do grau de riqueza do país”.

O programa visa vacinar pelo menos 70 por cento da população elegível em todos os países até meados do próximo ano, em linha com as metas da OMS.
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