A "Peregrinação" das 70 vozes no novo livro de Leonor Xavier

por Lusa

Redação, 27 mar (Lusa) -- A obra "Peregrinação", de Leonor Xavier, que reúne testemunhos de 70 personalidades de diferentes quadrantes, da política às artes, sobre o sentido de "peregrinação", é apresentada hoje, em Lisboa.

Editado pela Oficina do Livro, o livro é apresentado às 17:30, no Espaço Cultural do El Corte Inglés, em Lisboa, pelo poeta e sacerdote José Tolentino Mendonça, e conta com depoimentos de personalidades como o diplomata Francisco Seixas da Costa, o treinador de futebol Fernando Santos, a historiadora Irene Flunser Pimentel, a escritora Maria Teresa Horta e o músico Pedro Abrunhosa, entre outros.

Na introdução, Leonor Xavier explica que esta obra visa celebrar a visita pastoral do papa Francisco a Fátima, no centro do país, que está prevista para os dias 12 e 13 de maio próximo.

"Andei meses, mais de um ano, a pensar em como poderia celebrar a vinda do papa Francisco a Portugal", afirma a jornalista, autora de biografias de Raul Solnado e Maria Barroso, revelando que procurou diferentes "formatos de escrita".

"Procurei formatos de escrita, imaginei temas, admiti relatos ou descrições, não me entusiasmei pelas narrativas, mais do que feitas ou retomadas, sobre milagre, promessa, devoção. Não trabalhei para uma biografia, não sou historiadora para assuntos temporais, não sou sabedora na interpretação de textos sagrados", escreve Leonor Xavier.

A jornalista, que se afirma "mulher de fé", escreve que "uma iluminação alentou, de repente, para esta palavra", peregrinação.

"E foi ela, nas suas cinco liquidas sílabas, que me foi pronunciada vezes sem conta, neste esquecer o tempo, até ao último testemunho".

A obra reúne testemunhos, entre outros, da eurodeputada socialista Ana Gomes, dos escritores João Tordo, José Jorge Letria, Lídia Jorge e Gastão Cruz, da autarca Helena Roseta, dos jornalistas Jorge Wemans e Maria João Avillez, do cineasta João Canijo, dos cantores Cuca Roseta e Vitorino, das atrizes Dalila do Carmo e Lia Gama, entre outros.

Na recolha dos testemunhos Leonor Xavier teve "o cuidado de manter um número igual de homens e mulheres", e assinala a autora: "Raros foram os testemunhos que não recebi ou as respostas que se diluíram no desencontro da comunicação".

Leonor Xavier é clara quanto aos pressupostos da obra, afirmando que "não seria de expressão religiosa", nem "teria intenção confessional".

Entre testemunhos de crentes e não crentes a autora afirma-se "surpreendida pela sinceridade às vezes quase segredada" de cada um, e reconheceu "percursos comuns [e] experiências semelhantes" entre eles, sendo que "poucos omitiram ou recusaram ter passado por tempos de infância ou juventude em que a formação cristã existisse no espaço da casa e da família".

A autora refere ainda a vontade de celebrar o "centenário das aparições" de Fátima, "neste 2017 de tantas possíveis mudanças esperadas no cenário do mundo", e reata uma crónica de frei Bento Domingues, segundo o qual "Fátima tem-se aberto pouco a pouco ao diálogo inter-religioso", apontando a Cova da Iria, onde se localiza o santuário católico de N. S. do Rosário de Fátima, como "lugar privilegiado da experiência do sagrado" para muçulmanos, budistas e hindus.

Os escritores Alice Vieira, Jacinto Lucas Pires e Inês Pedrosa, os artistas plásticos Ana Vidigal e José de Guimarães, as atrizes Carmen Dolores, Leonor Silveira e Inês de Medeiros, o bailarino Jorge Salavisa, a atriz e escritora Ana Zanatti, a museóloga Simoneta Luz Afonso, o musicólogo Rui Vieira Nery e o músico Tozé Brito são outras das personalidades que dão o seu testemunho sobre "Peregrinação".

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