Aldeia de Arganil quer criar centro comunitário para ajudar a região a renascer

por Lusa

Habitantes da freguesia de Benfeita e de localidades vizinhas, no concelho de Arganil, avançaram com uma campanha de angariação de fundos para transformar um antigo lagar num centro comunitário, um espaço para ajudar a comunidade a renascer.

O projeto foi mobilizado por uma equipa de voluntários que procura responder às necessidades de uma comunidade de cerca de 200 adultos e 50 crianças, a maioria estrangeiros, que se mudaram nos últimos anos para aquela zona do concelho e que viram os seus projetos associados a uma vida em harmonia com a natureza ficarem suspensos aquando da passagem do grande fogo de 15 de outubro de 2017.

Agora, a comunidade decidiu lançar uma campanha de 'crowdfunding' (disponível em onepercentclub.com/en/projects/folha-verde), através da qual procuram angariar 12.500 euros para cobrir despesas relacionadas com a requalificação do espaço, nomeadamente na compra dos materiais, já que o trabalho será executado pelos próprios membros da comunidade, de forma voluntária, disse à agência Lusa Lynn Mylou, holandesa que trocou Amesterdão pela pequena aldeia da Cerdeira.

Com o incêndio, muitos perderam as suas casas e as suas quintas, bem como projetos que já tinham estabelecido no terreno, sendo que a grande maioria continua à espera de apoios e sem certezas sobre a reconstrução das suas habitações, refere a nota de imprensa enviada à agência Lusa.

"Com o objetivo de ajudar esta comunidade a renascer das cinzas, uma equipa de voluntários encontra-se a trabalhar" na transformação do lagar no centro comunitário, que terá como nome "Folha Verde", explica a nota.

Nele, pretende-se que as portas estejam abertas a todos os membros da comunidade, podendo funcionar naquele espaço cursos, oficinas, terapias, bem como outro tipo de eventos, aproveitando as diferentes formações e experiências das pessoas que moram naquela zona - tanto se encontram por ali arquitetos, professores, especialistas em medicina natural, artistas ou agricultores.

"A maioria perdeu os espaços [com o incêndios]. Apercebemo-nos de que precisávamos de um espaço comunitário e o centro que havia em Benfeita já era muito pequeno para o tamanho da comunidade, que cresceu muito nos últimos anos", salientou Lynn Mylou.

Naquele centro, também pretendem desenvolver encontros e reuniões, por exemplo, para debater ações de reflorestação na zona ardida. O espaço servirá também como um espaço onde as crianças possam estar e aprender.

Segundo Lynn Mylou, o fogo fortaleceu ainda mais os laços dentro da comunidade da zona de Benfeita, onde moram muitos estrangeiros, tendo também sido um momento que motivou ainda mais a comunidade a avançar com projetos.

"Toda a gente tinha medo e, se calhar, toda a gente pensava em ir embora, mas todos ficaram. Isso mostra que estas pessoas estão cá pelas razões certas - para trabalhar com a natureza e restaurar os ecossistemas. Não nos abandonámos uns aos outros e isso dá confiança e motivação para estarmos ainda mais juntos", vincou a habitante holandesa.

A campanha de angariação de fundos `online` procura ajudar a comunidade a comprar um sistema de energia solar, janelas e portas, materiais de construção, equipamento para uma cozinha, mobília, entre outras coisas, de forma que o centro comunitário e de aprendizagem possa ser uma realidade.

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