Alexandre Babo, 91 anos, falecido sexta-feira, em Cascais, era um homem "absolutamente apaixonado pelo teatro", recordaram à Lusa amigos de palco que com ele conviveram.
"Era um homem absolutamente apaixonado pelo teatro, bem disposto, inteligente, culto e simpático", disse a actriz Alina Vaz, sua amiga desde a década de 1960.
Opinião coincidente tem o encenador João Mota que conheceu Alexandre Babo e a primeira mulher, a actriz Júlia Babo, no Teatro Nacional Dª Maria II.
"Gostava mesmo muito de teatro e era bastante interventivo em prol dos direitos dos actores e de todos aqueles ligados ao teatro", disse.
O encenador que salientou ainda o seu papel como anti-fascista, recordou que Babo "chegou a fundar uma associação a favor do teatro".
Tanto João Mota como Alina Vaz sublinharam "o papel importante que Alexandre Babo teve no teatro" e lamentaram "a falta de memória que faz esquecer pessoas fundamentais da nossa cultura, nomeadamente nas artes de palco".
"Babo defendia um teatro com qualidade e não com quantidade, tendo desempenhado um papel essencial", disse João Mota.
Júlio Gago da direcção do Teatro Experimental do Porto (TEP) que Babo fundou, e seu amigo, recordou "o homem de tertúlia e debate, o espírito vivo e o resistente ao regime fascista".
Várias das suas obras foram proibidas pela censura política.
Em 2001 o TEP fê-lo sócio-honorário, distinção a que juntou a outras como a medalha de Mérito Cultural da Câmara de Cascais.
Advogado de formação, Babo interveio nos julgamentos do Tribunal Plenário do Porto e no Supremo Tribunal de Justiça em defesa de acusados políticos.
Fez parte do Conselho do Porto do Movimento de Unidade Democrática e da Comissão Distrital da Campanha do general Norton de Matos.
Em 1964 Babo, então a residir e com escritório no Porto, regressou a Lisboa e fundou O Palco - Clube de Teatro.
Começa a fazer crítica de teatro que exerceu durante mais de dez anos.
De 1961 a 1965 foi ainda cronista do Jornal de Notícias.
Alexandre Babo foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Escritores, em 1973, de que foi tornado, também, sócio-honorário.
Entre as peças que publicou refira-se "Encontro" e "Jardim público" e ainda o livro de contos "Sem vento de feição".
O corpo de Alexandre Babo estará em câmara ardente a partir de domingo de manhã na Igreja Paroquial da Parede, realizando-se o funeral segundo feira em horário a anunciar.