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Ana Quintans protagoniza a ópera "Alceste" de Gluck, numa encenação de Graham Vick

por Lusa

Lisboa, 17 jan (Lusa) -- A soprano Ana Quintans protagoniza a ópera "Alceste", de Gluck, numa versão que se estreia no sábado, em Lisboa, e que assinala o regresso do encenador Graham Vick ao Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC).

A nova produção de "Alceste", sob a direção musical de Graeme Jenkins, tem uma encenação de Graham Vick, que assinou, neste palco, a tetralogia "O Anel dos Nibelungos", de Richard Wagner (2006-2009).

O TNSC repôs, também com encenação de Vick, as óperas "Werther", na temporada de 2014/15, e "Anna Bolena", na de 2016/17.

Em declarações à agência Lusa, Ana Quintans afirmou que o encenador "é muito sério no trabalho que faz a nível do texto e também quanto à parte musical", acrescentando que "uma das razões" que a levou aceitar o papel foi o facto de trabalhar com Graham Vick.

Ana Quintans trabalhou com o encenador inglês em 2017, no Festival de Glyndebourne, em Inglaterra, desempenhando um papel de menor dimensão que o de "Alceste", na ópera "Hipermestra", de Francesco Cavalli.

A soprano sublinhou o "trabalho complexo" que o encenador desenvolve, dedicando a primeira semana de ensaios ao estudo do texto "e a procurar todos os sentidos, todas as camadas, todas as formas de frasear, de modo a ser-se o mais fiel ao texto, e descobrir todas as motivações e emoções", e só depois é feito "um trabalho de cena propriamente dito".

Em "Alceste", Gluck e o libretista, o poeta Leblanc du Roullet, partiram da tragédia de Eurípides, autor grego do século V antes de Cristo, que se baseou numa lenda da Tessália, no norte da Grécia, segundo a qual Admeto, rei da cidade-Estado de Feras, só podia escapar à morte se alguém morresse no seu lugar, e Alceste, sua mulher, oferece-se por ele.

A lenda apresenta a rainha Alceste como símbolo do amor conjugal, a esposa perfeita que não hesita em dar a vida pelo marido.

Referindo-se ao trabalho com Vick, Ana Quintas afirmou "que vai muito ao encontro do que o próprio compositor pretendia, que era a música ao serviço do texto" acrescentando como uma mais valia do encenador, "o facto de ter conhecimentos musicais e sabe o quer a este nível".

"É um trabalho de muito detalhe, exaustivo, mas que depois dá sempre bons resultados, porque nós temos muita sustentação, ele alimenta-nos imenso a imaginação", acrescentou.

"Atento a todos os detalhes", Graham Vick quer "essencialmente encontrar a verdade daquele texto, que nós as encontremos e a habitemos de uma forma natural e o mais verídica e autêntica possível", afirmou a cantora lírica.

Sobre a sua personagem, Ana Quintans disse à Lusa que "é um papel grande e cansativo, onde temos de encontrar em nós mesmos todas estas cores e `nuances` e com ele [Graham Vick] é tudo das entranhas".

A soprano afirmou que é um trabalho "intensivo", mas reconheceu que é assim que gosta de trabalhar.

"Alceste" foi apresentada por Christoph Willibald Gluck como uma proposta reformadora da ópera séria, no século XVIII, defendendo "uma linha muito depurada, sem artifícios, em que se vá direto à emoção, e a emoção vinda do texto", explicou Quintans.

Do elenco, além de Ana Quintans, fazem parte o tenor Leonardo Cortellazzi, o barítono Alexander Duhamel, que se desdobra em dois papéis, o de Hércules e o do Sumo Sacerdote, os tenores Fernando Guimarães e João Fernandes, este, interpretando duas personagens, Arauto e Apolo, e o barítono Christian Luján, que se desdobra também em dois papéis, Oráculo e um deus dos infernos.

A ópera conta ainda com a participação de Raquel Alão, Ana Ferro, João Cipriano e Nuno Dias, que constituem o Coro dos Corifeus, além do Coro do TNSC e da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Esta ópera, em três atos, subiu à cena pela primeira vez em Viena, em 1767, e foi apresentada pela última vez em S. Carlos há 60 anos.

A nova produção de "Alceste" vai estar em cena no S. Carlos de 19 a 27 deste mês.

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