Antigo correspondente do Jornal do Brasil lança livro sobre a "Revolução dos Cravos"

O investigador político brasileiro Walder de Góes lança quarta-feira, na embaixada de Portugal em Brasília, o livro "Revolução em Portugal", da editora Universidade de Brasília (UnB).

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"O livro é, sobretudo, um relato de como a sociedade portuguesa experimentou quotidianamente o processo revolucionário", afirmou Góes à Agência Lusa.

O autor reuniu no livro de 355 páginas os artigos e ensaios que escreveu na época em que viveu em Portugal como correspondente do Jornal do Brasil (1974- 1975).

Segundo Walder de Góes, pouco foi ainda escrito sobre a "Revolução dos Cravos", que é desconhecida no Brasil.

"Espanta-me o desconhecimento absoluto no Brasil da Revolução em Portugal, que foi a maior da Europa do ponto de vista da duração - 19 meses", assinalou Góes, que também tem interesse em lançar a obra em Portugal.

Na avaliação do investigador político, a revolução portuguesa de 1974 não foi universalista, como a francesa e a russa, mas teve semelhanças com esta última.

Tanto na Rússia, em 1917, como em Portugal, em 1974, houve uma absoluta destruição do sistema político preexistente e foi mesmo preciso construir uma nova ordem, explicou Góes.

"Em Portugal, o derrube do salazarismo, a 25 de Abril de 1974, foi um golpe de Estado tão clássico quanto o russo. Assim como na Rússia, nada do sistema político preexistente sobreviveu. Portugal passou a experimentar um processo irreversível de modernização".

Góes considera como factores determinantes da "Revolução dos Cravos" o autoritarismo obsoleto do regime salazarista e a guerra colonial, também obsoleta e, afinal, perdida.

O cientista político lembra ainda no livro que foi em Portugal, naquela altura, que os Estados Unidos inauguraram uma nova estratégia mundial.

Os norte-americanos, que financiavam grupos de extrema-direita no âmbito da Guerra Fria, mudaram de estratégia e passaram a apoiar o Partido Socialista para conter o avanço dos comunistas.


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