António Lobo Antunes ganha prémio José Donoso 2006

O romancista português António Lobo Antunes foi galardoado com o Prémio Ibero-americano de Letras José Donoso, atribuído pela sexta vez pela Universidade chilena de Talca.

Agência LUSA /

O júri, a que presidiu o chileno Jaime Concha, professor de literatura latino-americana da Universidade da Califórnia, distinguiu o autor de "Tratado das paixões da alma" por unanimidade.

Lobo Antunes, considerou o júri, faz "uma crítica forte à identidade portuguesa, não isenta, no entanto, de amor ao seu país" e "capta com profundidade e originalidade o papel das culturas periféricas no mundo contemporâneo".

Igualmente destacadas foram "a grande variedade de temas, linguagens e estruturas" da sua obra, a "singular sensibilidade" do escritor para "explorar a complexidade psicológica das suas personagens" e a forma como "dá conta de experiências que correspondem de muitas maneiras a um contexto semelhante ao dos conflitos da América Latina".

Clarificando este último item da acta do júri, Jaime Concha referiu a similitude entre os processos políticos de Portugal - a ditadura de Salazar e a posterior transição para a democracia - e dos países latino-americanos saídos das ditaduras militares.

O prémio José Donoso foi instituído pela Universidade de Talca para perpetuar a memória do autor de "El lugar sin limites" e a sua ligação àquela região.

Entre os anteriores vencedores do prémio figuram o mexicano José Emilio Pacheco, a chilena Isabel Allende e o argentino Ricardo Piglia.

Lobo Antunes, um dos nomes centrais da novelística portuguesa, nasceu em Lisboa em 1942, é médico de profissão e especializado em psiquiatria.

Da sua vasta bibliografia, iniciada nos anos 80 com "Memória de Elefante", fazem parte títulos como "Manual dos Inquisidores", "A morte de Carlos Gardel" e "Exortação aos crocodilos".

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