O lançamento do livro, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, insere-se num conjunto de iniciativas promovidas pela editora, com destaque para uma exposição itinerante que abordará o ambiente que circunda a obra.

A exposição vai estar patente dentro de um autocarro de dois andares que até dia 26 de Novembro vai estacionar em vários locais de Lisboa e do Porto.

Na capital, o autocarro vai parar no Parque das Nações, em Belém, na Praça do Comércio, no Campo Pequeno, nas Amoreiras e no Chiado, entre outros locais, e no Porto vai estacionar em Serralves, no Cais de Gaia e perto da Casa da Música, entre vários outros pontos da Invicta.

Em "D`este viver aqui neste papel descripto", Lobo Antunes, então com 28 anos, faz um relato quase diário dos dois anos em que cumpriu serviço militar em Angola, durante o período da Guerra Colonial.

As cartas, dirigidas à sua primeira mulher, Maria José, não são propriamente sobre a guerra, mas acerca da vivência quotidiana de um jovem médico mobilizado, das suas observações e análises, dos seus sentimentos e sensações.

As missivas contam também episódios das complexas relações humanas nos espaços isolados e quase fechados dos aquartelamentos, com o conflito por pano de fundo, e revelam uma experiência que, sendo pessoal, é também de toda uma geração de jovens que combateram no Ultramar.

A distância, o isolamento e a contagem decrescente dos dias são alguns dos aspectos mais marcantes deste conjunto de cartas, que o autor escreveu sem pensar que viriam, um dia, a ser tornadas públicas e que são agora publicadas sem alterações.

O escritor, que por sugestão das filhas Maria José e Joana Lobo Antunes autorizou a edição das missivas, escreveu as cartas antes da publicação de qualquer dos seus livros.

No entanto, escolheu para título "D`este viver aqui neste papel descripto" por se tratar do nome escolhido pelo autor para o seu primeiro romance, que afinal seria lançado sob o título "Memória de Elefante".