Aretha Franklin morreu aos 76 anos

Aretha Franklin, conhecida por clássicos como Respect e (You make me feel like) a natural woman, morreu esta quinta-feira às 9h50 (14h50 em Lisboa) na sua casa em Detroit, no Estado norte-americano do Michigan. A “rainha da Soul” estava gravemente doente.

RTP /
A designação de "rainha da Soul" chegou em 1968, durante um concerto em Chicago, quando lhe foi colocada uma coroa Shannon Stapleton - Reuters

“A causa oficial da morte de Aretha Franklin foi um cancro avançado no pâncreas do tipo neuroendócrino, confirmado pelo seu oncologista, Philip Phillips, do Karmanos Cancer Institute”, declarou a família da cantora num comunicado difundido pela agência Associated Press.

"Num dos momentos mais sombrios das nossas vidas, não conseguimos encontrar as palavras apropriadas para expressar a dor que sentimos no nosso coração. Perdemos a matriarca e a rocha da nossa família", lê-se na declaração da família.

Aretha Franklin teve quatro filhos e, em 2017, anunciou que se ia retirar do mundo da música para dedicar mais tempo aos netos.

Ao longo da carreira, a cantora ganhou 18 prémios Grammy, alcançou 25 discos de ouro e vendeu mais de 75 milhões de discos. Em 1987 foi a primeira mulher a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame e, em 2010, foi eleita pela revista Rolling Stone como a cantora número um da era do rock. A designação de "rainha da Soul" chegou em 1968, durante um concerto em Chicago, quando lhe foi colocada uma coroa.

Aretha Louise Franklin nasceu a 25 de março de 1942 em Memphis, no Estado norte-americano do Tennessee, mas veio a crescer em Detroit, uma das principais cidades da soul. Filha do reverendo C.L. Franklin, viu o pai marchar com Martin Luther King e cantou, em 1968, no funeral deste último.

Entre 1961 e 1965 lançou sete discos para a editora Columbia, sem grande sucesso, numa altura em que o soul já estava afirmado nas listas de mais vendidos e ouvidos, mas quando se mudou para a Atlantic, então nas mãos de Ahmet Ertegun e Jerry Wexler, o resultado foi outro.

O primeiro disco gravado com a nova editora, em 1967, chamou-se "I Never Loved a Man the Way I Love You" e tinha como primeira faixa uma canção intitulada "Respect", que Aretha Franklin ouviu na rádio pela voz de Otis Redding enquanto estava a limpar o apartamento para o qual se tinha acabado de mudar, em Detroit.


Em entrevista à britânica Record Mirror, em 1968, Aretha Franklin disse que sempre viu potencial na versão que fez de "Respect" e que sabia que ia ser um sucesso. Na altura, questionada sobre se no futuro ainda se veria a cantar canções como "Respect" ou "Think", Franklin disse que não: "A música muda e eu vou mudar com ela".

A era na editora Atlantic, que durou até 1975, trouxe outras canções que ficariam para sempre associadas ao nome de Aretha Franklin, como "Chain of Fools" e "Natural Woman". Em 1987 voltou a ocupar o topo da tabela dos mais vendidos com "I Knew You Were Waiting (for Me)", em dueto com George Michael.

Franklin atuou por todo o mundo e cantou nas tomadas de posse dos presidentes Bill Clinton e Barack Obama, tendo sido condecorada por George W. Bush.
Reações multiplicam-se

As reações à morte da cantora estão a multiplicar-se por todo o mundo. “Paremos um momento para dar graças à bonita vida de Aretha Franklin, a Rainha das nossas almas, que nos inspirou por muitos, muitos anos”, declarou Paul McCartney na rede social Twitter.

“Vamos sentir a sua falta, mas a recordação da sua grandeza enquanto artista e ser humano vai viver connosco para sempre. Com amor, Paul”, terminou.


Também Hillary Clinton lamentou a morte da cantora. “Em luto pela perda de alguém que partilhou o seu espírito e talento com o mundo. Não só merece o nosso respeito, como também a nossa gratidão por nos ter aberto os olhos, ouvidos e corações. Descansa em eterna paz, minha amiga”, declarou a democrata.


O cantor e produtor Tozé Brito recorda Aretha como uma mulher "incrível" e "com uma alma única".

Já o jornalista João Gobern, realizador na Antena 1, diz que Aretha Franklin simbolizou uma viragem no feminismo com a sua versão de “Respect”.


c/ agências
PUB