Arqueólogos encontram objectos de navio naufragado no século XVII
Arqueólogos subaquáticos que estudaram a costa marítima da Lourinhã confirmaram que os objectos encontrados no fundo do mar pertencem a um navio que naufragou naquela zona, Vale Frades, entre os séculos XVII e XVIII.
"Estamos perante um naufrágio que ocorreu entre o século XVII e o século XVIII. Encontrámos armamento, uma âncora em ferro e fragmentos de cerâmica cuja tipologia e decoração são característicos dessa época", disse hoje à Lusa Jorge Russo, coordenador da equipa de mergulho do Grupo de Estudos e Pesquisas Subaquáticas (GEPS).
"Temos a convicção que não se trata de loiça do próprio navio mas de carga, provavelmente transportava cerâmica", adiantou.
O GEPS é associação que se dedica à arqueologia náutica e subaquática e que iniciou em 2004 trabalhos de detecção na costa da Lourinhã contando com o apoio de alunos do curso de História, na variante de arqueologia, da Universidade de Coimbra.
Os resultados das pesquisas vão ser apresentados sexta-feira numa sessão pública na Lourinhã.
Jorge Russo explicou que em 1973, José Filipe Martins e José Veríssimo, dois mergulhadores amadores, declaravam à Capitania do Porto de Peniche terem achado em Vale de Frades cinco canhões, duas âncoras e outros objectos, entre os quais duas arcas.
Mais tarde, em 1986, os arqueólogos Jean-Yves Blot, Mário Jorge e Francisco Alves entre outros, efectuaram um levantamento do sítio, tendo referenciado um canhão e uma âncora de ferro, diversos objectos de ferro, escumiha, um fundo de garrafa em vidro e cerâmica diversa.
Quando o GEPS iniciou os trabalhos em Vale de Frades, detectou também o canhão e a âncora anteriormente referidos, assim como uma bolsa onde se identificou escumilha, uma bala de mosquete e três cordões, em chumbo.
Apesar do armamento encontrado, Jorge Russo defende que se trate de uma embarcação de guerra já que os navios não navegavam sem terem capacidade para de se defender de ataques de piratas.
Os arqueólogos subaquáticos não encontraram qualquer vestígio do barco, situação considerada "normal" devido às características do local (zona rochosa) que não permite conservar a madeira.
Os trabalhos decorreram ao abrigo de um protocolo de colaboração assinado entre a Câmara e a associação.