Artistas britânicos pedem a Starmer que proteja o seu trabalho da Inteligência Artificial

Vários artistas britânicos assinaram uma carta a pedir a Keir Starmer que cumpra o que prometeu: que proteja os direitos autorais de vários artistas antes de o governo trabalhista assinar um novo contrato ligado à tecnologia com os Estados Unidos. O apelo foi feito antes da visita de Donald Trump a Londres.

Inês Geraldo - RTP /
Sven Hoppe - DPA Picture-Alliance via AFP

Mick Jagger, Kate Bush e Paul McCartney são alguns dos signatários da carta que pede proteção para criadores, os seus direitos humanos e o trabalho que desenvolvem, argumentando que o governo trabalhista, agora liderado por Keir Starmer, está a falhar na promessa de proteção antes da visita do presidente norte-americano.

Um acontecimento importante, já que a visita de Trump serve para a assinatura de vários acordos entre Reino Unido e Estados Unidos, especialmente na área tecnológica, em que se inclui a inteligência artificial. Os artistas acreditam que não estão a ser encetados esforços para bloquear a nova tecnologia, cujas empresas não necessitam de esclarecer que tipo de conteúdos utilizam para treinar modelos.

De acordo com o Guardian, a acompanhar Donald Trump estão vários diretores de empresas americanas ligadas à inteligência artificial e que esperam um acordo com o Reino Unido nessa área.

Elton John é outro dos signatários da carta e um dos maiores críticos de Keir Starmer e das falhas em proteger os artistas britânicos das ameaças das novas tecnologias. O cantor de 78 anos afirmou que deixar que os modelos de IA treinar com conteúdos protegidos sem autorização “abre a porta para que o trabalho de uma vida dos artistas seja roubado”.

“Não vamos aceitar isto. E não deixaremos que o governo esqueça as suas promessas eleitorais em apoiar as nossas indústrias criativas”, continuou.

A carta tem mais de 70 signatários: entre eles estão a artista Annie Lennox, Antonia Fraser, e organizações ligadas a meios de comunicação social como o grupo que lidera o britânico Guardian e a Sociedade do Teatro de Londres.

A carta alega que os direitos autorais estão a ser desrespeitados pelas empresas tecnológicas que constroem modelos de inteligência artificial e lembram a recusa do governo em aceitar mudanças a uma lei de acesso a dados que forçaria as empresas ligadas à IA a revelar que material protegido estão a utilizar nos seus sistemas.

O documento diz ainda que deixar estas empresas sem cumprir regras vai interferir com os direitos humanos dos artistas e a maneira como se podem expressar, lembrando que ninguém pode ser privado das suas próprias criações, a menos que esteja em causa o interesse público.

Os Trabalhistas têm estado em confronto com a comunidade artística do Reino Unido desde que foi lançada uma consulta para reformar a lei que protege direitos dos autores para deixar empresas ligadas à inteligência artificial usar trabalho protegido sem consentimento dos autores, a menos que digam expressamente que não querem fazer parte do processo.

O governo britânico diz que tem tido em conta as preocupações da comunidade artística e que em março do próximo ano seria publicado um relatório para perceber os impactos de possíveis mudanças.

“Ainda não foram tomadas decisões mas o nosso foco está em apoiar os direitos de criadores enquanto os modelos de inteligência artificial estão a ser treinados com material de alta qualidade no Reino Unido”, declarou um porta-voz do executivo britânico.
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