"Libração", que significa "movimento como que de oscilação que um corpo, ligeiramente perturbado no seu equilíbrio, efectua até recuperar, pouco a pouco", é representada em Portugal, pela primeira vez, numa encenação de Cristina Carvalhal, protagonizada pelas actrizes Carla Miranda e Maria do Céu Ribeiro, da companhia portuense As Boas Raparigas vão para o céu, as más para todo o lado.

Sobre esta peça, disse Lluïsa Cunillé que se trata da história do "encontro de duas mulheres num parque de uma cidade, durante três noites de lua cheia. Faz frio, talvez seja Inverno ou finais de Outono".

A acção inicia-se à meia-noite em ponto, num parque onde tudo é de ferro e o mobiliário urbano recupera imagens de infância, como cavalinhos que chiam, placas que proíbem que se deixem os cães à solta, polícias que fazem ciclicamente a ronda, vigiando todas as presenças reais.

As duas mulheres falam das suas memórias, necessidades, do filho de uma e dos cães da outra, ao longo de três noites.

Nas suas obras, a prolífica autora catalã, de 46 anos, revela um universo pessoal simultaneamente forte e delicado, assente numa linguagem depurada e concisa ou, de alguma forma, suspensa pelos enigmas e mistério que cria.

Desde que estreou o seu primeiro texto, "Rodeo" (Prémio Calderón de la Barca 1991), que Lluïsa Cunillé não parou de publicar novas obras, entre as quais peças de teatro e guiões cinematográficos, num total de 22 trabalhos, até agora.

Participou em seminários de dramaturgia textual realizados por José Sanchis Sinisterra e é co-fundadora, juntamente com Paço Zarzoso e Lola López, da Companhia Hongaresa de Teatre l`Any 1995.

Entre os seus trabalhos mais recentes, contam-se "Barcelona, Mapa d`Ombres" (2004), "Vianants" (2004) e "Et Diré Sempre la Veritat" (2002).