De acordo com o presidente da instituição, João Lourival, a nova sede social, contígua à casa de espectáculos, é um imóvel de cinco pisos, desenhado pelo arquitecto Vítor Seabra, com um auditório para quinhentas pessoas, sala multiusos, restaurante bar e zonas administrativas.

"A nova sede é a concretização de um sonho de duas décadas", comentou João Lourival, também encenador de um grupo que estreia todos os anos uma peça e promove um festival teatral de longa duração.

A "Aurora da Liberdade", que mobiliza 60 actores e técnicos, tem também um grupo infanto-juvenil, com membros dos cinco aos 18 anos, que anualmente estreia duas a três peças e promove espectáculos musicais.

A associação sobrevive de apoios autárquicos, que cobriram a quase totalidade dos custos da nova sede, e dos contributos de um milhar de associados.

Fundada a 13 de Maio de 1906, a colectividade viu as suas instalações encerradas nos anos 50, por decisão da polícia política do Estado Novo, "com o pretexto de que ali se poderia gerar agitação".

"Como não era verdade, três dias depois, o regime de Oliveira Salazar autorizou a reabertura da colectividade, mas impôs uma alteração ao seu nome, passando de Grupo Dramático Aurora da Liberdade para Associação Recreativa Aurora da Liberdade", contou João Lourival.

"Como não tinham razão nas suas suspeitas, tiveram de arranjar uma desculpa parva para autorizar a reabertura", comentou o dirigente.

Ao longo dos seus 99 anos de actividade, a "Aurora da Liberdade" firmou-se pela qualidade do seu trabalho em palco, que lhe valeu vários prémios, e como escola de actores.

José Silva, que chegou a profissional do Teatro Experimental do Porto, Regina Baptista, muito ligada ao teatro radiofónico, e o próprio João Lourival, que chegou a interpretar o papel de vice- governador do Banco de Portugal na série televisiva "Alves dos Reis", são alguns dos actores saídos da "Aurora da Liberdade".

João Lourival defendeu que, apesar da profissionalização crescente no teatro, os grupos amadores continuam com espaço para se afirmar no panorama cultural português.

"O teatro amador continua com espaço e convém que assim continue. Mas como a vida não é uma realidade estática, temos de ser arrojados para manter a nossa afirmação", disse.