Cultura
Basílica romana de Londinium. Vestígios valorizados em área de torre de escritórios
No coração de Londres, os arqueólogos encontraram enormes fundações e paredes de dez metros de comprimento e quatro de profundidade, feitas de argamassa com blocos de pedra. Estas estruturas fazem parte da primeira Basílica romana construída há perto de dois mil anos. A empresa de escritórios instalada nessa área já deixou claro que tem intenção de integrar os vestígios romanos no projeto de renovação do prédio e desenvolver uma exposição pública em parceria com o Museu de Londres.
No subsolo do número 85 da rua Gracechurch, no distrito financeiro de Londres os arqueólogos encontraram enormes fundações e paredes feitas argamassa, blocos de pedra de calcário proveninet de Kent, telhas e tijolos romanos.
De acordo como a equipa de investigadores do MOLA - Museu Arqueológico de Londres, já se estimava que estivessem enterradas provas arqueológicas da Basílica nesta área: “Em escavações anteriores já sabíamos que este local ficava acima da extremidade norte da primeira Basílica romana”.
Recentemente os proprietários do edifício de escritórios da Hertshten Properties contactaram o MOLA para iniciar novas investigações no subsolo porque pretendem fazer uma remodelação ao prédio comercial próximo do Leadenhall Market.
Para compreender o que poderiam encontrar nos níveis abaixo do solo, os arqueólogos abriram alguns poços para prospetar em profundidade. “O que encontrámos foi extraordinário”, diz o MOLA em comunicado.
Área de prospeção arqueológica | MOLA
As fundações e paredes construídas com os preceitos da arquitetura romana, em algumas áreas, “têm mais de dez metros de comprimento, um metro de largura e quatro metros de profundidade”.
“Ficou claro que partes significativas da Basílica ainda estavam abaixo do n.º 85 da Gracechurch Street”.
Primeira Basílica de Londinium
Este edifício monumental foi construído entre 78 e 84 d.C. durante o governo de Agricola, décadas depois de as tropas romanas terem invadido a Grã-Bretanha e cerca de 20 anos após a destruição de Londinium – a Londres romana - pelas forças da rainha guerreira celta Boudicca.
Esta descoberta já foi consideras umas das mais significativas dos últimos anos na capital britânica e corresponde a uma estrutura com fundações “surpreendentemente intactas” de um edifício de dois andares.
Este edifício monumental foi construído entre 78 e 84 d.C. durante o governo de Agricola, décadas depois de as tropas romanas terem invadido a Grã-Bretanha e cerca de 20 anos após a destruição de Londinium – a Londres romana - pelas forças da rainha guerreira celta Boudicca.
Esta descoberta já foi consideras umas das mais significativas dos últimos anos na capital britânica e corresponde a uma estrutura com fundações “surpreendentemente intactas” de um edifício de dois andares.
“Esta é uma das descobertas mais significativas feitas na cidade nos últimos anos. É como descobrir a cadeira do orador e a câmara da Câmara dos Comuns, dois mil anos no futuro” afirma Sophie Jackson, diretora de Desenvolvimento do MOLA.
Implementada num ponto alto da cidade e construída sobre uma plataforma elevada, a Basílica abrangia uma área aproximadamente do tamanho de um campo de futebol.
Era um símbolo claro do poder e de autoridade romana e estava integrada no complexo do Fórum romano - o centro administrativo e social de Londinium.
"O significado deste local é que a Basílica era realmente o centro comercial, social e económico da Londres romana", explica Andrew Henderson-Schwartz, responsável pelo impacto público do MOLA, citado na Euronews Culture.
"É onde se tomavam as grandes decisões e se faziam os grandes negócios. É onde se ía para resolver litígios com um magistrado. É onde se discutia o tipo de decisões que podiam afetar as mudanças que aconteciam em Londres e na Bretanha romana", descreve.
"É onde se tomavam as grandes decisões e se faziam os grandes negócios. É onde se ía para resolver litígios com um magistrado. É onde se discutia o tipo de decisões que podiam afetar as mudanças que aconteciam em Londres e na Bretanha romana", descreve.
De acordo com a equipa do MOLA, em frente à Basílica havia um "pátio aberto, onde moradores e visitantes frequentavam e se envolviam em atividades públicas e comunitárias, como mercados, festivais e grandes anúncios públicos".
Um desenho de reconstituição do primeiro Fórum de Londres ©Peter Marsden - MOLA
Para além das muralhas, as escavações revelaram também vários artefactos, incluindo uma telha com a marca de um funcionário da antiga cidade.
Os trabalhos arqueológicos anteriores já tinham aferido que o primeiro Fórum romano foi usado por um período relativamente curto pois 20 anos depois começou a construção de um segundo complexo cinco vezes maior, em torno do primeiro. O novo pátio tinha uma área correspondente à atual Trafalgar Square e “terá refletido o rápido crescimento e importância da Britânia na época”.
O espaço antigo foi engolido pelo segundo e “sabemos pouco sobre como o interior da primeira Basílica pode ter sido”. Porém,“os níveis de preservação da Basílica excederam em muito nossas expectativas, e temos possivelmente a parte mais importante do edifício”, sublinham.
Os investigadores do MOLA dizem ter a espectativa de que durante estas escavações na Gracechurch Street, possam "descobrir pistas sobre a sua aparência”.
“O mais emocionante é que apenas arranhamos a superfície do potencial deste local durante as nossas investigações iniciais. Estamos ansiosos para descobrir mais sobre esses restos, trabalhando com os proprietários do local, o Museu de Londres e a City of London Corporation para desenvolver uma experiência arqueológica e um espaço público verdadeiramente únicos e cativantes”, alegam os arqueólogos.
Os investigadores do MOLA dizem ter a espectativa de que durante estas escavações na Gracechurch Street, possam "descobrir pistas sobre a sua aparência”.
“O mais emocionante é que apenas arranhamos a superfície do potencial deste local durante as nossas investigações iniciais. Estamos ansiosos para descobrir mais sobre esses restos, trabalhando com os proprietários do local, o Museu de Londres e a City of London Corporation para desenvolver uma experiência arqueológica e um espaço público verdadeiramente únicos e cativantes”, alegam os arqueólogos.
Vista de cima de um poço de prospeção onde de observa um segmento de parede e muro da Basilica | MOLA
Palco para uma Londres romana com projeto de valorização dos achados
A empresa Hertshten Properties, detentora dessa área londrina, já fez saber que pretende integrar os testemunhos arqueológicos no projeto de arquitetura da construção uma nova torre de 32 andares no n.º 85 da Gracechurch Street.
A empresa Hertshten Properties, detentora dessa área londrina, já fez saber que pretende integrar os testemunhos arqueológicos no projeto de arquitetura da construção uma nova torre de 32 andares no n.º 85 da Gracechurch Street.
“Temos trabalhado com os proprietários do local e a equipe do projeto (Shaw Corporation, Gardiner and Theobold e Woods Bagot architects) para desenvolver propostas para uma nova exposição pública, espaço para eventos e experiência imersiva, em parceria com o London Museum”, sustenta o MOLA.
Os arquitetos “ajustaram completamente” os planos para acomodar e valorizar as ruínas romanas explana James Taylor, um arquiteto da empresa Woods Bagot, citado na BBC. A empresa instalará menos elevadores, e a altura total do edifício será reduzida, acrescenta.
De acordo com os projetos de preservação das ruínas, a empresa Woods Bagot sugere "transformar a Basílica num museu arqueológico de acesso público, com piso de vidro com vista para as estruturas".
Projeto de preservação das ruínas proposta pela empresa Woods Bagot | via MOLA
A equipa dos investigadores estima que, após projeto aprovado, as escavações completas abrirão portas para a implementação do espaço de exposição que deverá estar a receber os primeiros visitantes a partir de 2029/2030.
“Isso oferecerá ao público uma oportunidade única de vivenciar como seria estar no palco da Londres romana, enquanto conta a história do desenvolvimento da cidade ao longo do tempo”, rematam os arqueólogos.
“Isso oferecerá ao público uma oportunidade única de vivenciar como seria estar no palco da Londres romana, enquanto conta a história do desenvolvimento da cidade ao longo do tempo”, rematam os arqueólogos.