Belas Artes do Porto revelam imagens inéditas de Exposições Magnas dos anos 1950/60

por Lusa

Um filme a preto e branco, realizado em 1952, é um dos destaques de "Vistas de Exposição", mostra sobre as Exposições Magnas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), a abrir na quinta-feira.

"Esta exposição resulta de uma investigação de dois acervos documentais, que são dois acervos fotográficos, o da Faculdade de Belas Artes e o da Casa da Imagem, da Fundação Manuel Leão", declarou à Lusa o coordenador adjunto da mostra Luís Pinto, durante uma visita guiada, para a comunicação social, hoje realizada ao Pavilhão de Exposições da FBAUP.

"É importante refletir que, nesta exposição, estamos a fazer, mais ou menos, uma história daquilo que são as histórias da exposições [Magnas] dentro da Faculdade de Belas Artes do Porto e da importância que estas exposições tinham na época em que foram produzidas", porque nessas duas décadas de 1950 e 1960, os espaços para expor no Porto não eram "assim tantos", acresce aquele responsável por "Vistas de Exposição".

Um vídeo a preto e branco e mudo, convertido para digital, com oito minutos de duração, do escultor Fernando Fernandes, realizado para a primeira Exposição Magna da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), em 1952, é a peça que a diretora da FBAUP, Lúcia Almeida Matos, e Luís Pinto destacam.

A mostra reúne várias fotografias inéditas dos acervos documentais da FBAUP e da Casa da Imagem, e revela também esculturas, pinturas, desenhos e projetos de arquitetura realizados por alunos e professores daquela faculdade, ao longo das duas décadas de 50 e 60 do século XX, e que foram mostrados nessas Exposições Magnas, que funcionava, na altura, uma espécie de centro cultural do Porto, explica Luís Pinto.

Na exposição, que só pode ser vista com reserva prévia devido ao limite de 10 pessoas na sala, por causa da pandemia da covid-19, pode ver-se, por exemplo, uma escultura em gesso intitulada "Figura de mulher sentada", de Clara Menéres, que foi exposta na 13.ª Exposição Magna, em dezembro de 1964. Essa participação é também testemunhada através da fotografia de Teófilo Rego, que na altura captou o momento, destaca Luís Pinto.

Objetos de Júlio Resende, João Andersen, Salvador Barata Feyo, para o Concurso do Monumento ao Infante, patentes na Exposição Magna de 1960, também identificados em fotografia, assim como outros de Álvaro Siza, António Corte Real, Fernando Távora, José Pulido Valente, Sebastião Formosinho Sanches, para o trabalho "A presença dos Arquitetos", exposto na `Magna` de 1968, são mais alguns dos exemplos que se podem encontrar na "Vistas da Exposição".

As fotografias apresentadas são todas da autoria dos fotógrafos Teófilo Rego, Tavares da Fonseca e Platão Mendes.

As imagens mostram "pela primeira vez, e de modo retrospetivo", um panorama das Exposições Magnas, afirmando-as como "veículo para a investigação" sobre "obras de arte, políticas de educação artística e estratégias de exposição", lê-se no dossiê de imprensa.

Nesta exposição as fotografias são colocadas na fronteira entre "o documento e a obra original", onde se revelam os registos, processos, estudos e provas académicas que testemunham os diferentes períodos de formação de um estudante de Belas Artes, nas décadas de 1950 e 1960.

Uma exposição que, mesmo com a presença da covid-19, a diretora da FBAUP, Lúcia Almeida de Matos, quis realizar, porque considera ser importante continuar a dar atividade ao Pavilhão das Exposições, e porque esta mostra, em especial, foca-se na história das Belas Artes no Porto e na relação entre o que se faz naquela faculdade, em termos de educação, de aprendizagem e de prática artística e de `design`, e o mundo lá fora.

Essa articulação, que é uma das "prioridades da Universidade do Porto", é "uma prática que vem de longe nas Belas Artes" e que se pode testemunhar nas Exposições Magnas, mas que já acontecia desde a fundação da academia, em que havia uma "preocupação em que os trabalhos dos estudantes fossem expostos para o público em geral", sublinhou a responsável.

Sessenta e oito anos depois da primeira `Magna`, "Vistas da Exposição" revelam detalhes do que foram as 16 Exposições Magnas que ocorreram entre 1952 e 1968 na então Escola Superior de Belas Artes do Porto, a cada início de ano letivo.

Além "de uma estratégia pedagógica e de um modo de trabalhar, que integrava alunos e professores", as `Magnas` eram também um "momento político" com ministros da Educação e das Obras Públicas convidados, recordou Lúcia Almeida Matos, recordando que o arquiteto Carlos Ramos, diretor da escola à data, procurava valorizar a imagem e o trabalho da instituição e dos seus alunos.

"Vistas de Exposição" fica patente no Pavilhão da Faculdade de Belas Artes até ao final de março de 2021.

Tópicos
pub