Biblioteca de Direito de Coimbra com projeto de Siza Vieira custa mais de 12 milhões de euros

por Lusa

A recuperação do Palácio dos Melos para instalação da biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), com projeto de Siza Vieira, custará mais de 12 milhões de euros, disse o vice-reitor Alfredo Dias.

Em declarações à agência Lusa, Alfredo Dias, que detém o pelouro do Património, Edificado e Infraestruturas na equipa reitoral liderada por Amílcar Falcão, salientou a necessidade de "financiamento externo" para que a Universidade de Coimbra (UC) possa retomar o processo de reabilitação do edifício.

Situado na Alta da cidade, junto às faculdades de Letras e Direito da UC, o Palácio dos Melos acolheu a Faculdade de Farmácia até à sua transferência para o Polo das Ciências da Saúde, perto dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Para retomar o processo de reinstalação da biblioteca da FDUC, o arquiteto Siza Vieira visitou hoje aquele imóvel, a convite do diretor da faculdade, Rui Marcos, no âmbito de diligências dinamizadas pelo professor jubilado António Avelãs Nunes, um dos seus antecessores no cargo.

O processo foi encetado na primeira década do século XXI e um grupo de privados, por iniciativa do então Presidente da República Jorge Sampaio, reuniu 1,5 milhões de euros para que fosse Siza Vieira a elaborar o projeto de arquitetura.

Siza Vieira realçou à Lusa que a biblioteca da FDUC "é uma das grandes biblioteca da Europa", que importa acolher e preservar num edifício com melhores condições, aproveitando ainda para valorizar o conjunto arquitetónico Universidade de Coimbra Alta e Sofia, classificado como Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

"Havia necessidade de criar esforço para isso", disse o arquiteto.

Siza Vieira esclareceu que, cerca de 15 anos depois, o projeto inicial "terá algumas modificações", para ser ajustado a novas exigências legais, designadamente nas áreas da segurança, ambientais e da eficiência energética.

Alfredo Martins sublinhou que importa "pôr em marcha todo o processo", com as devidas atualizações, para dotar a FDUC das novas instalações da sua biblioteca centenária, fundada em 1911, dando um contributo "para a preservação de um património classificado" pela UNESCO.

O vice-reitor da UC enfatizou que a instituição não dispõe da verba necessária para concretizar o projeto - de 12 a 13 milhões de euros, segundo as suas estimativas - e que "terá de haver apoios externos", o que passa por uma candidatura aos fundos da União Europeia, disponíveis na próxima programação financeira.

"Um novo edifício, da conceção do arquiteto Siza Vieira, irá servir de guarda, conservação e divulgação do seu riquíssimo espólio bibliográfico, que ocupa neste momento cerca de 7.000 metros de prateleiras", segundo a página da Faculdade de Direito na internet.

O catedrático Rui Marcos reafirmou hoje à Lusa o desejo manifestado no discurso que proferiu, em 2011, na cerimónia comemorativa dos 100 anos da biblioteca.

"Recebemos a desalentadora notícia que a verba que lhe estaria destinada se esfumou do Orçamento do Estado. Mas não se esfumou a nossa esperança", disse, há nove anos, o agora diretor da FDUC, realçando as "vantagens de uma biblioteca reunida num edifício moderno, com os requintes tecnológicos e de comodidade que o nosso tempo não dispensa".

Para Artur Santos Silva, ex-presidente do Conselho Geral da UC, "há uma razão muito importante", entre outras, para retomar este processo, que é "acondicionar e proteger" o acervo da biblioteca da Faculdade de Direito, onde estudou em meados dos século XX.

"É um risco enorme não ter uma das melhores bibliotecas da Europa devidamente acondicionada", declarou à Lusa o jurista e administrador de empresas, que acompanha o processo, "como cidadão", há cerca de 15 anos, desde quando Jorge Sampaio reuniu no Palácio de Belém vários doadores privados.

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