Brasileiro Kleber Mendonça Filho recebe prémio em Los Angeles por "O Agente Secreto"
O cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho recebeu esta madrugada o Prémio de Realização da associação de críticos Critics Choice Association, em Los Angeles, pela longa-metragem cotada para os Óscares "O Agente Secreto".
A distinção foi entregue durante o evento anual em que a associação premeia latinos em Hollywood, Celebration of Latino Cinema & Television, onde o realizador esteve presente e falou da importância da arte e do jornalismo.
"Temos de defender a realidade, porque do outro lado lutam contra ela o tempo todo", afirmou.
O filme que valeu a Mendonça Filho a distinção, "O Agente Secreto", é o candidato do Brasil à nomeação para os Óscares da Academia e valeu ao protagonista Wagner Moura o prémio de melhor ator, no Festival de Cinema Internacional de Chicago.
Conta a história de um professor universitário com um passado misterioso que se muda para Recife em 1977, durante a ditadura militar que oprimiu o Brasil entre 1964 e 1985.
"Como brasileiros, estamos a sair de tempos bastante difíceis nos últimos anos", disse Mendonça Filho, considerando que o Brasil "está agora num bom momento" e de volta à fileira democrática.
"O que está a acontecer agora nalguns sítios, incluindo os Estados Unidos, vai passar", continuou, referindo que fez o filme para Wagner Moura e dedicando-lhe o prémio que recebeu.
O realizador mencionou também alguns dos discursos que antecederam o seu, incluindo o da importante ativista de direitos laborais Dolores Huerta, que recebeu o prémio Ícone e repetiu o slogan que a tornou famosa e inspirou Barack Obama, "Sí se puede" (Sim, podemos).
"Alguns dos discursos esta noite fizeram-me pensar no facto de que `O Agente Secreto` é feito de mais de 100 rostos humanos, que mostram a diversidade e as diferentes cores, diferentes caras e diferentes corpos que compõem o Brasil", disse Mendonça Filho.
Vários dos distinguidos fizeram questão de salientar a importância de celebrar a comunidade latina neste momento, referindo que continua a haver falta de representação em Hollywood e há um ambiente politicamente hostil, com as rusgas de imigração.
America Ferrera, que recebeu o prémio Trailblazer pelo novo filme "The Lost Bus", produzido por Jamie Lee Curtis e realizado por Paul Greengrass, foi uma das vozes mais proeminentes a pedir união.
"Quando um de nós ganha, ganhamos todos", considerou a atriz, salientando que as oportunidades para os atores latinos obrigam a muita luta.
"Acredito muito no poder daquilo que fazemos", afirmou, defendendo que contar histórias pode mudar as coisas e transformar pessoas. "Numa altura em que o discurso e as conversas não conseguem criar conexões, empatia e compreensão, as histórias que contamos, a arte que fazemos e o jornalismo tornam-se mais vitais".
Outros nomes sonantes que passaram pelo palco do Four Seasons, em Beverly Hills, foram Andy Garcia, que ganhou o prémio Vanguarda pelo papel na série "Landman", Frida Perez, com a estatueta para `showrunner` por "The Studio", e Anthony Perez, que recebeu a distinção de ator secundário no novo filme "Uma Casa de Dinamite".