A filóloga Carolina Michaelis de Vasconcellos, que nasceu na Alemanha, em 1851, mas elegeu Portugal como segunda pátria, tem finalmente uma rua com o seu nome em Berlim, a sua cidade natal.
A placa da Caroline-Michaelis-Strasse foi hoje descerrada pelo Embaixador de Portugal em Berlim, João de Vallera, na presença de várias individualidades alemãs e portuguesas.
A iniciativa de atribuir a uma artéria de Berlim o nome da ilustre cientista ficou a dever-se, sobretudo, à professora Gabriele Beck-Busse, do Instituto de Românicas da Universidade de Marburg.
Presente também na cerimónia, a filóloga alemã lembrou importantes etapas da vida de Carolina Michaelis de Vasconcellos, que publicou o seu primeiro artigo científico com 16 anos, em 1867, numa conceituada revista de línguas e literatura.
Dez anos depois, e sem nunca ter frequentado uma Universidade, privilégio ainda vedado as mulheres alemãs naquela época, já era considerada a legítima sucessora do fundador da Filologia Românica, Friedrich Diez.
Um ano antes, Carolina Michaelis tinha casado com o historiador de Arte e Musicólogo português Joaquim de Vasconcellos, e o casal passou a viver no Porto.
"Para se ter uma ideia da importância que ela teve na vida intelectual portuguesa, recorde-se que o Presidente da jovem República, Teixeira Gomes, e o Rei deposto, D. Manuel II, foram ao seu funeral", a 17 de Novembro de 1925, lembrou Gabriele Beck-Busse.
A professora alemã aproveitou para recomendar ao Senado de Berlim que mande colocar na placa da Caroline-Michaelis-Strasse uma alusão ao casamento com Joaquim de Vasconcellos e ao seu segundo apelido, "porque", explicou, "é com ambos os apelidos que ela é conhecida nos meios científicos".
A rua fica numa zona ainda em construção no centro de Berlim, relativamente perto da casa onde Carolina Michaelis nasceu, na Johanesstrasse, da Igreja de Santa Sofia, onde foi baptizada, e da escola de meninas que frequentou, a Luisenschule.
Um membro da vereação de Berlim explicou também que a atribuição do nome de Caroline Michaelis a uma rua da capital alemã beneficiou do facto de a autarquia local ter decidido recentemente contemplar mais mulheres ilustres na toponímia, devido ao grande peso de personalidades masculinas e à escassez de referência a mulheres.
A professora Gabriele Beck-Busse lembrou que em Portugal, onde Carolina Michaelis de Vasconcellos foi a primeira mulher a ter uma Cadeira de Filologia, em 1911, "quando isso ainda não era possível na Alemanha", atribuiu "há muitos anos" o nome da grande estudiosa ao mais importante Liceu do Porto e a várias ruas em todo o país.
