Catarina de Bragança, a única portuguesa Rainha de Inglaterra, "teve uma "vida longa e cheia"
*** Áudio disponível em www.lusa.pt ***
Lisboa, 04 Nov (Lusa) - Catarina de Bragança, a única portuguesa que foi Rainha de Inglaterra, foi uma "mulher de coragem que teve uma vida comprida e muito cheia", disse Isabel Stilwell, autora de uma biografia da soberana.
O livro "Catarina de Bragança" editado pela Esfera dos Livros sucede a "Filipa de Lencastre, a mulher que mudou Portugal", também de Stilwell, e que vendeu já 26.000 exemplares.
Filipa de Lencastre, que se casou com D. João I, Mestre de Avis, foi a única princesa inglesa que foi Rainha de Portugal.
"Fiz a Filipa de Lencastre pois ela era da mesma região de onde é originária a minha mãe, e numa apresentação, o bispo do Porto, Manuel Clemente, desafiou-me dizendo que deveria fazer a biografia da única portuguesa que, ao inverso, foi Rainha em Inglaterra, a Catarina", explicou à Lusa a autora.
A jornalista e escritora levou cerca de dois anos, com algumas deslocações a Inglaterra e a consultar vasta documentação, para escrever este livro, que contou ainda com a consultadoria da historiadora Joana Pinheiro Troni, autora de uma biografia da filha de Dª. Luísa Gusmão e D. João IV que se casou com Carlos II de Inglaterra em 1662.
"Os pais tinham um casamento feliz apesar da mão de ferro de Dª Luísa de Gusmão. Ela esperou para a filha um casamento assim. Ela sonhou com um casamento como o dos pais, e nesse sentido foi um amor muito adolescente, mas que se torna quase obsessivo, até ao fim", disse a escritora.
"Ela [Catarina de Bragança] aguentou os maus-tratos de Carlos mas sempre doseados por imenso charme. Ele tem duas facetas: por um lado só faz o que quer mas ao mesmo tempo é muito meigo. Ele [Carlos II] foi-lhe sempre politicamente fiel. Porque era católica, não lhe dava filhos e o trono iria para o seu irmão, também católico, havia uma pressão enorme para que se divorciasse. Mas ele foi muito corajoso, chega mesmo a dissolver o Parlamento, porque estavam a insinuar que a Catarina estava a conspirar contra a vida dele", acrescentou.
Este é um romance histórico e Isabel Stilwell afirmou à Lusa ter procurado "ser diferente e não escrever o que está já muito escrito sobre a infanta" nascida em Vila Viçosa, em 1638.
"Procurei criar a minha Catarina", sublinhou.
Após a morte de Carlos II, a infanta portuguesa "fica com um estatuto estranho, o de Rainha viúva" e mantém-se em Inglaterra durante sete anos, "como peão de outros interesses", antes de regressar a Portugal e estabelecer-se no Paço da Bemposta, em Lisboa, no Paço da Rainha onde está instalada a Academia Militar.
Exercerá a regência em dois curtos períodos, em 1704 quando o Rei seu irmão, Pedro II, se deslocou às Beiras e em 1705 quando este adoeceu gravemente.
Catarina de Bragança, que terá introduzido o protocolo do chá na Corte inglesa, morreu em Lisboa, no seu paço, em 1705.
Isabel Stilwell, actual directora do Destak, procura agora uma personagem que aguce a sua curiosidade.
"Ainda não sei a pessoa concreta, mas quero muito encontrar, pois entusiasma-me imenso este papel de detective. Vou procurar outra personagem que me diga qualquer coisa, que para mim tenha algum sentido ou me encha de curiosidade".
NL.
Lusa/Fim