Celebrados neo-realistas Alves Redol, Manuel da Fonseca e Mário Dionísio
Lisboa, 28 set (Lusa) -- Os escritores neo-realistas Alves Redol e Manuel da Fonseca, cujos centenários do nascimento este ano se comemoram, serão celebrados no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, com exposições, congressos internacionais, leituras encenadas e filmes.
Outro escritor neo-realista, Mário Dionísio, será recordado na Casa da Achada -- Centro Mário Dionísio, em Lisboa, com uma exposição de desenhos da sua autoria, a inaugurar na quinta-feira, pelas 18:30, para assinalar o segundo aniversário daquele espaço onde se encontra reunido o seu espólio artístico.
A mostra, intitulada "Sonhar com as mãos: o desenho na obra de Mário Dionísio", com curadoria de Paula Ribeiro Lobo, da Universidade Nova de Lisboa, inclui um conjunto de 90 desenhos a carvão, grafite, tinta-da-china e lápis de cera, de diversas dimensões, feitos por Mário Dionísio entre o início dos anos 1940 e os anos 1960 e escolhidos de entre cerca de 300 obras gráficas que integram o seu espólio.
O Museu do Neo-Realismo, que comemora, desde o início deste ano, o centenário do nascimento de António Alves Redol (1911-1969), considerado um dos expoentes máximos do neo-realismo português, e de Manuel Lopes Fonseca (1911-1993), poeta, contista, romancista e cronista por muitos classificado como um dos melhores representantes desse movimento, tem ainda programadas várias iniciativas.
A próxima é a exibição, na sexta-feira, às 19:00, do filme "Cerromaior", de 1980, adaptado do primeiro romance de Manuel da Fonseca, e que contará com a presença do realizador, Luís Filipe Rocha.
Inaugurada no museu vila-franquense a 28 de maio, a grande Exposição do Centenário de Manuel da Fonseca aí estará patente até 09 de outubro, sendo reinaugurada a 15 de outubro, data do nascimento do escritor, no Museu de Santiago do Cacém, sua terra natal.
Nos dias 07, 08 e 09 de outubro, realiza-se o Congresso Internacional "Por Todas as Estradas do Mundo", organizado pelo museu em parceria com o Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e em que participam os académicos Eduardo Lourenço, Fernando Guimarães, Fernando J.B. Martinho, Luís Filipe Rocha, Manuel Gusmão, Rosa Maria Martelo, Manuel G. Simões e Vítor Viçoso.
A 14 de outubro, será exibido, no âmbito do ciclo de cinema "Imagens e palavras de Alves Redol", o documentário de Francisco Manso "Alves Redol" (2011), sobre o escritor que, em 1939, introduziu em Portugal o neo-realismo, com o romance "Gaibéus" -- nome que designava os camponeses da Beira que iam para o Ribatejo fazer a ceifa do arroz.
Segundo o prestigiado dicionário Houaiss, o neo-realismo é "um movimento que, inspirado na literatura norte-americana de preocupações sociais e no romance regionalista brasileiro, procurou instaurar uma literatura comprometida com os princípios do realismo socialista, tematizando sobretudo as condições de vida dos camponeses".
Na epígrafe à primeira edição de "Gaibéus", escreveu o autor: "Este romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso, será o que os outros entenderem".
A 22 de outubro, serão inauguradas no museu a exposição biobibliográfica "Alves Redol -- Centenário" e as mostras "Alves Redol, a Fotografia e o Documento" e "Alves Redol em BD: projetos de banda desenhada em torno da narrativa redoliana".
Em novembro, no dia 05, pelas 16:00, haverá uma "Leitura e Análise da Obra de Alves Redol", por Vítor Viçoso e pelo Grupo de Teatro do Grémio Literário Povoense, a que se seguirá, no dia 12, à mesma hora, uma conferência intitulada "Alves Redol no grande espaço linguístico português".
A 25 de novembro, às 19:00, os visitantes do museu são convidados a assistir à sessão "Alves Redol e a Rádio", que consiste na audição de entrevistas e declarações do escritor à rádio portuguesa.
Já em janeiro de 2012, a concluir as comemorações, será entregue, em data a definir, o Prémio Literário Alves Redol -- Romance e Conto, e realiza-se nos dias 19, 20 e 21 o Congresso Internacional "Centenário de Alves Redol", fruto de mais uma parceria do museu com a Faculdade de Letras de Lisboa.
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