"Coleção Invisível" vence prémio do 16.º Festival de Cinema Brasileiro de Paris

Paris, 08 abr (Lusa) - O filme "Coleção Invisível" (2012), de Bernard Attal, é o vencedor do Prémio do Público, o único galardão atribuído no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que terminou na noite de terça-feira, foi hoje anunciado.

Lusa /

A 16.ª edição do festival teve início no passado dia 01, com uma programação assente em 26 produções, dirigidas por realizadores brasileiros ou estrangeiros, mas sobre o país, que foram exibidas no cinema L`Arlequin, na capital francesa.

O vencedor tem como pano de fundo a decadência das plantações de cacau no interior da Baía, para onde o protagonista se aventura, em busca de uma coleção de gravuras raras, para resolver a crise financeira de uma loja de antiguidades.

Nove filmes de ficção entraram na competição pelo Prémio do Público, todos em pré-estreia em Paris. Os outros oito foram: "À Beira do Caminho" (2012), de Breno Silveira, "Cine Holliúdy" (2012), de Halder Gomes, "De Menor" (2013), de Caru Alves de Sousa, "Entre Vales" (2012), de Philippe Barcinski, "Faroeste Caboclo" (2013), de René Sampaio, "Flores Raras" (2013), de Bruno Barreto, "O Lobo Atrás da Porta" (2013), de Fernando Coimbra, e "Tatuagem" (2013), de Hilton Lacerda.

Além do vencedor do prémio, destacam-se "Flores Raras", que retrata a história de amor vivida entre a poetisa norte-americana Elisabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares, e "Tatuagem", sobre o romance entre o líder de uma companhia de teatro e um soldado, durante a ditadura militar brasileira.

Dois principais temas formaram a linha narrativa para o festival: o futebol, devido ao Mundial que será celebrado este ano, no país, e a ditadura militar brasileira (1964-1985), instaurada por um golpe que completou 50 anos, no passado dia 31 de março.

Dez filmes que tratam de futebol, ditadura militar ou ambos os temas, foram projetados em Paris. Entre eles, "Democracia em Preto e Branco"(2014), de Pedro Asberg, aborda a campanha pelas eleições diretas no Brasil, em 1984-85, e o movimento conhecido por "Democracia Corintiana", implantado na equipa de futebol Corinthians, onde as decisões eram coletivas e decididas por voto, nos anos 1980.

O filme "P`rá Frente Brasil" (1982), de Roberto Farias, aborda o Mundial de 1970, que a equipa brasileira venceu, enquanto o país vivia a ditadura militar.

"O ano em que meus pais saíram de férias" (2006), de Cao Hamburguer, retrata a mesma época, mas sob a ótica de um menino de 12 anos que vive a alegria de futebol e a saudade dos pais, que foram obrigados a fugir do regime.

Na mostra temática, foi projetado também um documentário restaurado de Eduardo Coutinho, morto no passado dia 02 de fevereiro deste ano, que foi homenageado no festival.

"Cabra marcado para morrer"(1984), do cineasta, retrata a história de um líder camponês morto por ordem de latifundiários na década de 1960. As primeiras filmagens sobre a vida do protagonista foram interrompidas pela ditadura militar, em 1964, e retomadas apenas 17 anos depois, no termo da ditadura, com depoimentos dos camponeses e da viúva do seu líder.

O documentário, exibido na primeira edição do FesTróia, em 1985, em Setúbal, recebeu o primeiro Golfinho de Ouro, o prémio máximo do festival português.

O Festival de Cinema Brasileiro de Paris contemplou também uma mostra de documentários, com cinco filmes, destacando-se "Cidade de Deus - 10 anos depois"(2013), de Cavi Borges e Luciano Vidigal, que aborda o destino dos atores que participaram no filme premiado de Fernando Meirelles.

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