Colóquio em Lisboa recorda Machado de Assis, no centenário da sua morte
Lisboa, 20 Set (Lusa) - Lisboa acolhe este mês um colóquio internacional dedicado ao escritor Machado de Assis, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira, mas pouco conhecido em Portugal, disse à Lusa Carlos Reis, um dos responsáveis pelo encontro.
A propósito dos cem anos da morte de Machado de Assis, que se cumprem no próximo dia 29, especialistas sobre o autor de "Dom Casmurro" reúnem-se na Fundação Calouste Gulbenkian, mas o colóquio é destinado "a todos quantos queiram conhecer" o escritor.
"Pretendemos reflectir em termos actuais sobre a obra de Machado de Assis, apresentar os recentes estudos machadianos e perceber também a projecção do escritor em Portugal", disse Carlos Reis, professor catedrático.
No colóquio, nos dias 29 e 30, estarão presentes, por exemplo, o crítico e especialista em literatura brasileira Abel Barros Baptista, o poeta e ensaísta Hélder Macedo e o docente inglês John Gledson.
Contemporâneo de Eça de Queirós, Machado de Assis foi um autor inovador que abordava os "grandes temas intemporais, da questão do homem e da morte, do ciúme, da frustração e do poder social", sublinhou Carlos Reis.
Apesar disso, o docente lamenta que a obra do escritor e, em geral, a literatura brasileira "não tenha a projecção devida nos programas escolares em Portugal".
"Foi suplantado por escritores como Jorge Amado e Eurico Veríssimo, cujas obras foram também representadas na televisão, por exemplo", sublinhou Carlos Reis.
O colóquio em Lisboa será uma oportunidade de conhecer melhor um escritor "que não é fácil", mas cuja obra foi escrita "antes do seu tempo".
Haverá debates sobre a presença feminina na obra de Machado de Assis, a relação entre a obra do escritor e a ficção brasileira, bem como a ligação do autor com Portugal.
No dia 30 serão exibidos também um documentário sobre a vida e obra de Machado de Assis, de Maria Maia, e a longa-metragem "Memórias póstumas de Brás Cubas", de André Klotzel, a partir de um romance homónimo do autor brasileiro.
Fernando Cupertino e Consuelo Quireze irão interpretar em piano e voz música brasileira do tempo de Machado de Assis e o actor José Mauro Brant interpretará dois contos e fragmentos de "Dom Casmurro".
Joaquim Machado de Assis morreu com 69 anos, a 29 de Setembro de 1908, no Rio de Janeiro.
É hoje considerado um dos mais importantes nome da literatura brasileira, deixando obra repartida em romances, poesia, contos, teatro e crítica literária.
Da sua obra destacam-se os romances "Ressurreição" (1872), "Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881), "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899). Machado de Assis distinguiu-se também como contista.
SS.