Comunidade Hindu de Portugal vai dar aulas de português para ucranianos

A Comunidade Hindu de Portugal vai facultar gratuitamente aulas de português a cidadãos ucranianos, à semelhança do que já fez com refugiados afegãos, e prevê lançar dentro de meses uma plataforma de apoio ao emprego.

Lusa /
O templo Radha Krishna, em Lisboa, abre as portas ao ensino do português a ucranianos D.R.

No templo hindu reza-se também pela Ucrânia, pelas vítimas do conflito, para que a paz regresse a um país de onde já fugiram 4,8 milhões de pessoas desde a invasão russa, a 24 de fevereiro.

O apoio imediato à Ucrânia passou pela disponibilização do espaço onde se encontra o imponente templo Radha Krishna, em Lisboa, para recolha e armazenamento de bens destinados à população ucraniana, disse à agência Lusa Chirague Bhanji, vice-presidente da Comunidade Hindu de Portugal, onde o sagrado e o profano andam de mãos dadas.

A intervenção foi articulada com um sacerdote ucraniano e os objetivos de curto prazo passam pela aproximação a esta comunidade, revelou o responsável pela nova direção, eleita há um mês e meio.

"Estamos agora a desenvolver uma linha de apoio de fundos monetários para serem enviados para as respetivas entidades para darem o apoio financeiro a todos os refugiados da Ucrânia", indicou.

A comunidade vai também disponibilizar apoio aos cidadãos ucranianos que chegam a Portugal, ao nível da distribuição de água, medicamentos, produtos de higiene e brinquedos.

Atualmente decorrem aulas para imigrantes oriundos da Índia que não falam português e "muito brevemente" esta valência estará disponível para cidadãos ucranianos. "Certamente vão precisar desse apoio linguístico", sublinhou Chirague Bhanji.

A comunidade, que conta com o trabalho voluntário de várias professoras, tenciona "reativar um protocolo com o Instituto Camões".

No âmbito da intervenção social, está ainda em desenvolvimento uma plataforma de apoio à procura de emprego por parte de refugiados que, segundo Chirague Bhanji, estará concluída dentro de quatro a cinco meses.

"Os refugiados terão oportunidade de ir ao portal procurar emprego e as empresas estarão conectadas do outro lado para abraçar essa oferta de trabalho", avançou.

A iniciativa está a ser desenvolvida em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações, adiantou o vice-presidente da Comunidade Hindu, formada por hindus oriundos de Moçambique, que se instalaram em Portugal a seguir à independência do país, em 1975, e que abarca cada vez mais países, em resultado das novas vagas de imigração. A abertura à sociedade, em geral, tem vindo a acentuar-se através da intervenção social e cultural.

"Esta comunidade é aberta a todas as religiões e a todas as instituições. O que vemos é que a emancipação que houve um pouco também da cultura do ioga e do ayurveda trouxe aqui bastantes pessoas a conhecer a comunidade, a conviver connosco também. É um centro que claramente está aberto a todas as pessoas", afirmou Bhanji.

 

 

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