Cristina Branco canta José Afonso no São Luiz, em Lisboa
A cantora Cristina Branco inicia sexta-feira um ciclo de concertos dedicado a José Afonso no Teatro São Luiz, em Lisboa, e em Abril entra em estúdio para gravar um álbum dedicado a este cantor, falecido há 20 anos.
"Canto Zeca Afonso pelo ideal que representa de humanidade, simplicidade e pela qualidade do seu trabalho", disse a cantora à Lusa.
"Qualquer músico tem de, obrigatoriamente, passar por Zeca Afonso e reflectir sobre aquilo que ele nos deixou", acrescentou.
Cristina Branco actua dias 02, 03, 09, 10, 16, 17, 23 e 24 de Fevereiro no jardim de Inverno do Teatro São Luiz, com direcção musical de Ricardo Dias, sempre às 24:00.
Com Cristina Branco estarão em palco Alexandre Frazão (bateria), Mário Delgado (guitarras acústicas e eléctricas), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Ricardo Dias (piano e acordeão).
"Era um redondo vocábulo", "Utopia", "Traz outro amigo", "Canto moço", "Que amor não me engane", "Avenida de Angola", "Eunucos", e "Chamaram-me cigano" são algumas das canções de José Afonso que Cristina Branco escolheu e vai cantar.
"Escolher José Afonso é uma questão identidade, ele e Amália Rodrigues, de quem gravei canções, que interpretei em vários espectáculos, cultivaram o meu gosto musical", afirmou.
José Afonso, falecido a 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos, foi, com Adriano Correia de Oliveira, umas das figuras centrais da canção de intervenção em Portugal.
José Afonso destacou-se também como intérprete da balada e do fado de Coimbra. Enquanto compositor procurou inspiração na música popular portuguesa, que usou como "canção de combate" ao regime deposto a 25 de Abril de 1974.
"Galinhas do mato" foi o seu último álbum de originais, publicado em 1985, com as colaborações de Júlio Pereira, Luís Represas, Helena Vieira, Janita Salomé, Né Ladeiras e José Mário Branco.
Por ocasião dos 20 anos da sua morte realizam-se no país várias iniciativas.
No Fórum José Manuel Figueiredo na Baixa da Banheira (Moita) realiza desde Janeiro um ciclo de concertos dedicado ao cantor, o último está marcado para 24 de Fevereiro, pela Brigada Vítor Jara, que o ano passado editou "Ceia louca".
A Brigada irá ter como convidados nesta actuação o acordeonista Rui Curto e o pianista Miguel Moita, que se juntarão à sua formação habitual constituída por Luís Nunes (guitarras tradicionais), Aurélio Malva (guitarra, sanfona, voz), Arnaldo Carvalho (percussões tradicionais), Manuel Rocha (violino, bandolim, voz), João Tovim (baixo eléctrico) e Quiné (bateria).
A Associação José Afonso (AJA), constituída nove meses depois da morte do cantor, com vista a passar às novas gerações "o seu legado poético e musical, e o exemplo de cidadania que foi", não tem previsto qualquer evento, apesar de "pontualmente poder apoiar iniciativas", disse à Lusa uma das suas responsáveis, Helena Carmo.
Segundo esta, estão previstas iniciativas em Guimarães, Felgueiras, Porto, Espinho e Odivelas.
A AJA direcciona os seus esforços para a "urgência" que constitui "organizar e tornar eficaz o centro de documentação", onde guarda cartas, fotografias e documentos, alguns relacionados com a cooperativa cultural Era Nova que Zeca Afonso fundou com outros elementos.