Em palco com Custódio Castelo, que tocará numa guitarra portuguesa idealizada por si, sem fundo, e agora com duplo tampo, estarão Carlos Garcia na guitarra clássica, Carlos Menezes, no contrabaixo, e os convidados especiais Pedro Ladeira em clarinete, Miguel Carvalhinho em guitarra clássica de dez cordas, e a voz da fadista Cristina Maria.

Cristina Maria que editou este ano o seu segundo álbum, "Percursus", interpretará o poema "Prece", de Pedro Homem de Mello, apenas acompanhada a guitarra portuguesa.

"O espetáculo vai ser muito a roçar o disco `Tempus`, farei uma homenagem a Carlos Paredes e irei levantar o véu do novo CD, do qual irei apresentar o tema que lhe dá o nome", disse à Lusa Custódio Castelo.

Referindo-se ao álbum "Tempus", editado em Portugal em 2007, depois da edição na Holanda, o guitarrista afirmou que "foi um disco de aprendizagem", conseguido "numa fase atribulada, antes da operação ao ombro, e na iminência de não voltar a tocar guitarra portuguesa, notando-se aliás a carga de stress e principalmente ansiedade".

"Era como se fosse uma despedida e o `Tempus` tem essa mensagem, tanto mais que estava mentalizado para ir trabalhar noutra área da música, pois não pensava voltar a tocar guitarra", acrescentou.

Desde a edição de "Tempus", o músico apresentou-se em "centenas de recitais", tanto em Portugal como no estrangeiro. O recital de guitarra portuguesa, em 2007, "era ainda raro em Portugal, mas começa agora a ser mais usual".

"Lá fora havia muito, recordo bem, o primeiro recital do `Tempus` foi em Eindhoven, na Holanda. Em Portugal começa a acontecer apesar de a maioria dos guitarristas serem ainda referenciados pelo fadista que mais acompanham".

Quanto ao seu trabalho como instrumentista e compositor, Custódio Castelo que o no passado recebeu o Prémio Amália para Melhor Instrumentista, disse: "bebi muito na dinastia Paredes, Artur e Carlos Paredes,[pai e filho respetivamente]".

Atualmente, além dos recitais e de acompanhar fadistas como Ana Moura, dá aulas de guitarra portuguesa na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Questionado pela escolha da Casa da Música para encerrar a "temporada Tempus", Custódio Castelo disse: "Porque há uns anos a Casa da Música convidou-me para compor. Tiveram a consideração de convidar o Custódio Castelo para criar".

"Foi emocionante e uma coisa que ainda hoje me está na alma", disse.

Para a encomenda da instituição portuense, Custódio Castelo inspirou-se na figura de Luís Vaz de Camões, intitulando-se a peça, "Sobre Camões".

"Foi o soneto `Alma minha gentil`, a epopeia `Os Lusíadas`, a sua passagem por Macau que me inspiraram", referiu o músico à Lusa.

Na sala portuense da Boavista, Custódio Castelo tocará a sua guitarra, mas com duplo tampo, uma inovação de Óscar Cardoso, que permite o instrumento "ganhar mais agudos, graves que não tinha, e mais reverberação", explicou.

O CD "Tempus" reúne temas gravados em 1997 e nunca antes editados, e outros gravados "perante a emergência de uma intervenção cirúrgica". Estes temas foram registados na sua maioria na capela de S. Jorge no Cemitério dos Ingleses, em Lisboa, e um, "Converza", com Miguel Carvalhinho, na igreja da Misericórdia, em Óbidos.