D. Luís Filipe é uma figura "injustamente apagada" - historiador Rui Ramos.

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 27 Jan (Lusa) - O príncipe herdeiro D. Luís Filipe, assassinado de pistola em punho, quando tentava defender o pai, o Rei D. Carlos, é uma figura "injustamente apagada", sublinhou à Lusa o historiador Rui Ramos.

"É injusto que D. Luís Filipe fique apagado, pois é uma figura interessante e até trágica, D.ª Amélia ainda insistiu que ele tivesse sido Rei de Portugal, pois morreu depois do pai, morreu aliás em pé em sua defesa. Aparentemente terá empunhado a pistola, não se agachou, nem fugiu. Não se intimidou", frisou.

Na próxima sexta-feira passam cem anos sobre o regícido que vitimou o príncipe Luís Filipe e o Rei D. Carlos, mortos a tiros de pistola por Manuel Buíça e Alfredo Costa, na Praça do Comércio quando regressavam de uma estada no paço ducal de Vila Viçosa.

Em declarações à Lusa, Rui Ramos afirmou que "se fez um esforço muito grande para o tornar um príncipe exemplar, principalmente por parte da D.ª Amélia, que se afasta do marido a partir da década de 1890 e coloca todas as esperanças no filho mais velho".

"D.ª Amélia adorava o filho e achava que ia ser o grande Rei para Portugal", sublinhou o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

O príncipe teve uma "educação muito exigente" que segue o modelo defendido pelo príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória, que propunha que o Rei fosse também um "cavalheiro ilustrado".

"D. Pedro V representou entre nós, o melhor modelo desta educação Saxe-Coburgo-Gotha, introduzida pelo marido de D.ª Maria II, D. Fernando, em que também foi instruído D. Carlos", explicou.

Segundo o investigador, tudo leva a crer que D. Luís Filipe, nascido a 21 de Março de 1887, se tornasse "um Rei sério e grave".

"Tudo o preparava para ser um Rei consciencioso e com sentido dos deveres de reinado que era uma coisa que tanto a tradição portuguesa como a D.ª Amélia incutiam muito no príncipe real".

"Era um rapaz muito bem-educado, simpático, calado, tendo deixado muito boa impressão nas colónias, na viagem que realizou em 1907", acrescentou.

Luís Filipe Maria Carlos Amélio Fernando Victor Manuel António Lourenço Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Bento de Bragança Saxe-Coburgo-Gotha, de seu nome completo, teve uma "educação esmerada" no Palácio tal como o pai.

Após os primeiros estudos literários, a educação do príncipe é entregue ao herói das guerras de África, Mouzinho de Albuquerque, nomeadamente o treino militar.

D. Luís Filipe foi jurado príncipe herdeiro do trono em Julho de 1901 e a partir de 13 de Abril de 1906 passou a fazer parte do Conselho de Estado.

O príncipe exerceu a regência quando D. Carlos se ausentou em visita protocolar a Espanha, França e Inglaterra.

NL.

Lusa/Fim


pub