Dama Bete mostra 4/a feira em Lisboa rap no feminino
Lisboa, 13 Jul (Lusa) - A rapper Dama Bete, uma jovem artista hip hop luso-moçambicana, mostra quarta-feira em Lisboa o ritmo e a poesia do álbum "De igual para igual" e revela porque foi difícil o caminho até chegar à estreia discográfica.
O concerto de quarta-feira, no Musicbox, será a primeira grande apresentação ao público de Dama Bete, uma jovem franzina de 23 anos que é uma das primeiras mulheres do hip hop em Portugal a assinar por uma editora discográfica grande, a Universal.
"De igual para igual" é como um bilhete de identidade desta "dama do rap", tanto ao nível musical, com referências ao r´n´b, grimme e hip hop, como visual, com uma forte imagem influenciada pela moda e cultura urbanas.
São doze temas (entre eles uma faixa escondida), todos escritos por Dama Bete e produzidos por Macaco Simão (Hélder), o seu irmão, e com a participação de alguns convidados como Terrakota, Melo D e Firmino Pascoal.
"Dama no rap", o tema que abre o álbum, é o que melhor define o percurso de Dama Bete e a sua visão do mundo hip hop português, feito no masculino.
"Ser dama no rap é antes de abrir a boca ser ignorada, ser logo posta de parte por pensarem `não sabe nada´", diz a rapper neste tema.
"De início foi muito difícil, tinha sempre um pé atrás, porque as pessoas que me podiam ajudar, afinal não queriam gravar", disse Dama Bete em entrevista à agência Lusa.
Elisabete Oliveira nasceu em Moçambique, filha de pai português e mãe moçambicana, mas desde os dois anos que vive em Portugal, em Cascais.
Aos dez anos venceu um concurso de poesia, aos 16 criou a comunidade Hip Hop Ladies, que organizava festas para adolescentes que também gostavam de hip hop e rap, e o grupo feminino Black System, onde assumia o papel de MC (mestre de cerimónias) porque não gostava de se ouvir cantar.
Com a comunidade e o grupo, Dama Bete percebeu "que podia haver espaço para o rap no feminino".
No festival Musidanças, no qual participou com o tema "Que esperas tu", conheceu Sara Tavares, Melo D e os Terrakota e percebeu que afinal "existia um mundo que não era só do hip hop".
"Eu sinto que canto para toda a gente e não para as pessoas do hip hop", referiu.
Dama Bete sabia que se assinasse numa editora especializada em hip hop, provavelmente só chegaria às pessoas desse meio, que diz ser fechado, quando na verdade quer ser ouvida por diferentes públicos.
Vê Lauryn Hill como uma inspiração e a Internet como uma janela importante para o seu trabalho. Tem um site, um blogue, uma página no Myspace com algumas músicas e outra no hi5, no qual tem adicionados mais de mil amigos e várias fotografias pessoais.
Nunca soube muito bem o que queria fazer no futuro, mas depois de desistir de um curso de cinema, formou-se em Gestão do lazer e animação turística.
Como queria trabalhar numa área com uma vertente social e humanitária, foi bater à porta da AMI - Ajuda Médica Internacional com a ideia de criar actividades para idosos e crianças.
Acabou por se deparar com uma realidade que não conhecia, a organizar pacotes de alimentos e vestuário para família carenciadas.
Actualmente está concentrada apenas na música e nos próximos concertos, mas no dia-a-dia é apenas Elisabete Oliveira.
"A Dama Bete acaba por ser quase uma personagem que criei. Apesar de ter feito outras coisas, senti que não podia deixá-la morrer", disse a rapper.
Com apenas 23 anos, e apesar de estar lançada na música, os pais de Dama Bete relativizam a carreira.
"A minha mãe não me leva muito a sério, o meu pai diz que não canto, declamo, e o meu irmão ajuda-me a ter os pés assentes na terra", diz entre risos.
Não gosta muito de pensar no futuro, mas sabe que agora, aos 23 anos, é entre ritmo e poesia (rap) que quer estar.
SS.