Deolinda estreiam-se segunda-feira com "Canção ao lado"
Lisboa, 19 Abr (Lusa) - O grupo português Deolinda estreia-se na segunda-feira com "Canção ao lado", um disco de música popular portuguesa "onde cabe tudo, do Zeca Afonso ao Variações", explicou à Lusa Pedro Martins, o compositor do grupo.
Os Deolinda surgiram há dois anos em Lisboa, quando Pedro Martins mostrou a Ana Bacalhau três músicas que tinha composto: "Não sei falar de amor", "Fado não é mau" e "Ai rapaz".
"Ouviu as músicas que fiz, cantou-as e ficaram logo tão bem na voz dela que nasceram ali os Deolinda", disse o músico, guitarrista e autor de todas as músicas desta formação.
Nesse ano de 2006 percebeu-se que a música dos Deolinda soava a fado, mas não o era. No quarteto não há guitarra portuguesa, a estrutura das músicas não obedece a padrões do fado, nem tão pouco as letras, embora o universo seja de amores marialvas e às vezes de faca e alguidar.
Ana Bacalhau (Ex-Lupanar) dá a voz às músicas, Pedro Martins e o irmão Luís Martins encarregam-se das guitarras clássicas e José Pedro Leitão (ex-Lupanar) manobra o contrabaixo.
"Fomos apurando o conceito e compondo os temas para a voz da Ana, para aquela personagem que ela foi inventando, era quase como compor para uma actriz", disse Pedro Martins.
Apesar das aproximações ao fado, os Deolinda querem "cantar a tristeza rindo", com canções garridas e humoradas que apetece dançar.
"Gosto de dizer que Deolinda fazem música popular portuguesa onde cabe tudo, de Zeca Afonso a Variações", descreve Pedro Martins, que diz incluir fado de Camané ou de Maria Teresa de Noronha na sua dieta musical.
A própria imagem gráfica do álbum, desenhada pelo ilustrador João Fazenda, revela o retrato da família musical e cultural dos Deolinda.
Nela aparecem o Santo António, António Variações, Amália Rodrigues, Carlos Paredes, Alfredo Marceneiro, Sérgio Godinho, personagens que povoam o imaginário de uma Lisboa antiga e bairrista, e à frente de todos está Deolinda, rapariga suburbana, de xaile pelo ombro, mão na anca, avental e chinelo no pé.
Depois de uma série de apresentações ao vivo ao longo destes dois anos e a inclusão do tema "Contado ninguém acredita" na compilação da FNAC "Novos Talentos", a música dos Deolinda foi passando de boca em boca e também pela Internet, pelo Myspace e Youtube.
Chegam na segunda-feira ao primeiro álbum discográfico, que sairá pela iPlay, com 14 temas originais, entre os quais "Fado Toninho", o primeiro single, "Eu tenho um melro", "Garçonete da casa de fado" e "Clandestino".
No álbum participam ainda vários amigos dos Deolinda, sobretudo para os coros dos temas "Movimento Perpétuo Associativo" e "Garçonete da casa de Fado", entre os quais Mitó (A Naifa), Norberto Lobo, Mariana e Joana (Ex-Pinhead Society) e Gonçalo Tocha, o realizador ao serviço do grupo.
O lançamento oficial de "Canção ao lado" está marcado para 07 de Maio no Cinema São Jorge, em Lisboa, mas a carteira de concertos já está pesada para os próximos tempos, com passagem garantida, por exemplo, para o festival de música de Loulé, em Junho, e para o Sudoeste, em Agosto.
"Percebemos que a música dos Deolinda chega a toda a gente, das crianças às pessoas da nossa idade [sub-30] e que recomendariam o nosso disco aos seus pais", brincou Pedro Martins.
SS.