Desentendimento entre autarquia e Fundação Cidade de Guimarães marcaram o último ano

O primeiro traço da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012 foi desenhado em 2006, mas este ano conheceu linhas marcadas pelo desentendimento entre a autarquia e a Fundação Cidade de Guimarães, além da questão dos salários praticados na instituição.

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A sete de outubro de 2006, Isabel Pires de Lima, à data ministra da Cultura, declara que a cidade de Guimarães reúne "todas as características para acolher um evento como a Capital Europeia da Cultura (CEC)".

O primeiro traço estava desenhado.

A 12 de maio de 2009, Guimarães é oficialmente designada Capital Europeia da Cultura para o ano de 2012 pelo Conselho de Ministros da Cultura da União Europeia.

Em julho do mesmo ano é criada a Fundação Cidade de Guimarães, cuja presidência é entregue a Cristina Azevedo, à qual é confiada a "conceção planeamento, promoção, execução e desenvolvimento da CEC", assim como a gestão da parte cultural do evento.

Mas nem todos os traços do projeto agradam e em 2010 a Fundação Cidade de Guimarães é atingida pela polémica que envolve os salários do Conselho de Administração, "exorbitantes" para uns, "escandalosos" para todos. A primeira mancha no desenho de Guimarães 2012.

Os salários sofrem uma redução de 30 por cento, mas continuam até hoje a ser alvo de polémica, uma questão "folclórica" para António Magalhães que, entretanto, anunciou a antecipação do fim FCG de 2015 para junho de 2013.

No entanto, a linha mais dura deste desenho é traçada a 14 de julho com o autarca vimaranense a declarar o "divórcio" e a "retirada de confiança" a Cristina Azevedo.

A demissão da presidente da Fundação é o culminar do processo de "deterioração" da relação entre a instituição e a Câmara de Guimarães iniciado em março.

A 29 de março, Jorge Sampaio, presidente do Conselho Geral da FCG, recomendou à administração da instituição a adoção de "práticas" para "estreitar" a cooperação com a autarquia.

Desde então, como admitiu a 17 de julho António Magalhães, "o relacionamento entre a câmara municipal e Cristina Azevedo deteriorou-se".

A 19 de maio, o pedido de demissão do gestor de projeto da CEC, Carlos Martins, levou o autarca vimaranense a admitir "fragilidades" na FCG e a 02 de junho António Magalhães aludiu pela primeira vez aquele que viria a ser o "principal" motivo deste "divórcio": o atraso na assinatura do protocolo entre a cooperativa Oficina e a Fundação.

A 30 de junho, o referido protocolo, que seria para estabelecer a colaboração da Oficina na programação artística da CEC e a consignação à cooperativa de 15 milhões de euros, não estava ainda assinado.

Assim, o autarca afirmou na Assembleia Municipal do mesmo dia não ter "mais paciência" e que este atraso era a "machadada final" na relação com a Fundação, proclamando o "divórcio" dias depois.

No dia 22, depois de uma reunião extraordinária do Conselho Geral, Jorge Sampaio anunciou o afastamento de Cristina Azevedo da Fundação, que seria substituída a 28 de julho por João Serra, até então vice-presidente.

Desde então, apesar da "questão dos salários" continuar a ser levantada, tem sido destacado o "clima de serenidade e empenho" à volta do "projeto de índole nacional" que é Guimarães 2012.

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