"Trata-se de um conjunto de artigos em torno de Fernando Pessoa e do Modernismo que tentam fazer uma panorâmica do conhecimento que entretanto foi produzido sobre esses temas", disse à Lusa o professor Fernando Cabral Martins, coordenador da obra apresentada no salão nobre da Câmara Municipal de Lisboa.

Noventa especialistas portugueses e estrangeiros, entre os quais Fernando J.B. Martinho, Manuel Gusmão, Richard Zenith, Haquira Osakabe (professor e investigador brasileiro entretanto falecido, a cuja memória a obra é dedicada), Leyla Perrone-Moisés, Jerónimo Pizarro, Manuela Parreira da Silva e Teresa Rita Lopes, demoraram dois anos a elaborar este dicionário.

A ideia partiu do editor da Caminho, Zeferino Coelho, e, como frisou Fernando Cabral Martins, "o principal é sempre ter a ideia", embora neste caso houvesse um problema que tornava o trabalho inexequível: "o facto de o Modernismo ser um tema demasiado vasto".

"Não era possível fazer um dicionário coerente sobre um tema demasiado vasto. Seria como, por exemplo, fazer um dicionário sobre a verdade ou sobre o espírito humano", referiu.

Definiu-se, então, um âmbito mais restrito para a obra, "centrar tudo em torno de Fernando Pessoa", o "que a tornou viável", explicou.

Segundo o professor universitário e investigador, esta obra faz luz sobre "muitos aspectos: por exemplo, a relação entre o Pessoa e a Ciência, a relação entre Pessoa e a Alquimia, a relação entre Pessoa e a Linguística".

"Uma das coisas que eu acho que são boas, que são úteis, neste dicionário - disse - , é que há um conjunto de noções que podem ser precisadas. A pessoa pode ir lá ver e ter uma versão fidedigna sobre o significado daqueles termos, com que às vezes se lida e que são um bocadinho vagos, nebulosos".

Quanto aos destinatários desta obra, Fernando Cabral Martins considera que "é o público em geral".

"Este dicionário é para pessoas interessadas em Pessoa, pessoas interessadas em poesia, pessoas interessadas em Arte - porque o Modernismo tem também uma zona que não é só literária. Por exemplo, há um longo artigo sobre o Amadeo de Souza-Cardoso, ou o Santa Rita Pintor, sobre vários artistas que são importantes e mesmo correntes estéticas, como o futurismo, o expressionismo ou o dadaísmo, etc.", sublinhou.

A obra foi apresentada no final do primeiro dia do I Congresso Internacional Fernando Pessoa, uma iniciativa da Casa Fernando Pessoa, que encerra as comemorações dos 120 anos do nascimento do escritor (1888-1935) e que decorre até sexta-feira nas instalações do Turismo de Portugal, em Lisboa.

ANC.