Diferentes formas de diversão ditaram sucesso da discoteca The Day After, de Viseu

por Lusa

Quatro pistas de dança com diferentes estilos musicais, uma pista de karting e a constante passagem de bandas nacionais e internacionais fizeram da The Day After, de Viseu, uma das mais icónicas discotecas dos anos 1980 e 1990.

"Numa noite, chegavam a passar aqui seis a sete mil pessoas. A casa nunca trabalhava abaixo das 3.500/4.000 pessoas por noite", recordou à agência Lusa José Arimateia, que começou a sua carreira no Grupo Visabeira como Relações Públicas da discoteca.

A The Day After abriu as portas em 1985 e encerrou a sua atividade regular em 2006, mas atualmente ainda anima a noite de Viseu pelo menos duas vezes por ano.

A partir de 2015, a discoteca começou a receber alguns bailes de finalistas das escolas de Viseu. Dois anos depois, começou a fazer reaberturas duas vezes por ano, acolhendo grandes eventos, que reúnem milhares de pessoas.

"O nosso grande objetivo com estas reaberturas é trazer de volta o perfume da The Day After, trazer as grandes memórias das noites que se passaram aqui", explicou Fernando Daniel Nunes, que está encarregado de organizar estes eventos ao nível de logística e do agenciamento dos artistas.

O primeiro destes eventos ocorreu em dezembro de 2017 e intitulou-se "Uma Noite por Todos", tendo a totalidade da bilheteira sido entregue a instituições e particulares da região afetados pelos incêndios desse ano.

"Tendo em conta o sucesso que tivemos nessa noite, optámos por abrir esta casa cerca de duas vezes por ano. Voltámos a abrir em julho de 2018 e agora, em dezembro, recebemos `The Revenge of the 90`s`, um conceito que anda por todo o país, com a particularidade de termos reaberto, pela primeira vez, a pista de karting", contou.

Em julho, como foi aberta uma quinta pista no exterior, a discoteca conseguiu reunir sete mil pessoas. Em dezembro, foram 4.600 aquelas que pisaram as pistas para relembrarem os anos 90.

Estes números fazem lembrar as enchentes de outros tempos, com a casa a abarrotar e a servir de ponto de encontro para pessoas de vários pontos do país.

José Arimateia, que atualmente é um dos diretores do Grupo Visabeira, recordou que a discoteca começou por ter apenas uma pista de dança, mas foi evoluindo até ter quatro e também "um kartódromo `indoor`, que era uma coisa que mais nenhuma discoteca tinha".

"Tudo isto proporcionava formas de diversão bastante diferentes. As pessoas tinham géneros musicais diferenciados em cada uma das pistas", frisou, lembrando também que, durante muitos anos, praticamente todos os meses havia música ao vivo.

Segundo José Arimateia, todas as grandes bandas portuguesas passaram pela The Day After e também algumas internacionais. A pista de karting chegou a ser transformada num grande palco para poder acolher tanta gente.

GNR, Xutos e Pontapés e Delfins foram algumas das bandas portuguesas que protagonizaram momentos marcantes na discoteca de Viseu, contou, sublinhando que o músico Pedro Abrunhosa "teve uma enchente extraordinária que tinha fila que começava quase no início da Avenida da Bélgica", a cerca de três quilómetros de distância.

"Tivemos aqui concertos absolutamente memoráveis desse ponto de vista e também grupos mais pequenos que nunca tinham tocado para tanta gente", referiu.

Bruno Pereira lembra-se precisamente do dia em que começou a trabalhar na The Day After: 08 de dezembro de 1995. Na sua função de `ligth jockey` e de apoio aos artistas, viveu, até 1999, alguns dos momentos mais marcantes da sua vida.

"Todos os artistas que passaram naquela casa, nacionais ou internacionais, eram impecáveis", frisou, lembrando que os Xutos e Pontapés escolheram a The Day After para estrear os álbuns "Dados Viciados" e "Acústico", o que lhe proporcionou "momentos excecionais de convivência com eles".

Outro momento alto foi a inauguração do sistema de CO2 `indoor`: "Hoje é muito usual nos eventos, mas fomos os pioneiros na Europa, toda a cobertura de luzes da Danceteria tinha jatos de CO2".

Segundo Bruno Pereira, "uma noite nunca era igual à outra", sendo que a animação e a clientela estavam sempre garantidas, até porque "praticamente não havia bares no centro de Viseu e a vida noturna passava quase na totalidade pela The Day After".

José Arimateia justificou o encerramento da discoteca, em 2006, com o facto de o tipo de diversão noturna ter mudado e terem começado a aparecer bares em Viseu e outros projetos nas cidades em redor.

"As discotecas também têm o seu ciclo e nós entendemos que devíamos encerrar para partir para outra realidade, o que se veio a verificar anos mais tarde", contou, acrescentando que o Grupo Visabeira está focado em outras áreas de negócio que não a noite.

Agora, o objetivo é que a The Day After sirva para as pessoas recordarem outros tempos e até "a sua própria história de vida".

"No ano passado, houve pessoas que vieram com os filhos mostrar o sítio onde se conheceram. Por outro lado, também é a oportunidade de mostrarmos aos mais novos o que era a The Day After, que era uma discoteca icónica", explicou.

O objetivo é que a The Day After continue a ser um espaço emblemático e, por isso, está já prometido um novo grande evento para julho.

"Ainda não está muito bem pensado, mas será certamente parecido com o que fizemos no ano passado, na mesma altura, ou seja, vai ser um evento mais virado para a onda do verão", avançou Fernando Daniel Nunes.

O jovem dá uma garantia: "Um dos pontos principais é nunca tirar a identidade da The Day After, ou seja, no Bar Americano vai estar o rock, na Dancetaria um conceito mais comercial, mais `mainstream`, no Afterbeat será a pista do `hip hop`, do `iron bee`, na Torre Millenium uma pista mais dos anos 80/90" e funcionará novamente o karting.

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