Djavan canta "Vaidade" e quer gravar dueto com cantor português

Gravar um dueto com um cantor português com quem tenha "afinidade musical e pessoal" é um dos projectos do cantor brasileiro Djavan, que domingo e segunda-feira actua em Lisboa e Porto para apresentar o seu novo disco "Vaidade".

Agência LUSA /

Depois de mais de 28 anos de carreira e 16 discos, o cantor nordestino desvenda também, em entrevista à agência Lusa, que equaciona produzir um disco acústico, nomeadamente "um álbum só de violão".

Para Djavan, que adianta ter declinado no passado um convite da cantora Eugénio Mello e Castro para um projecto comum, "é incrível" como "nunca aconteceu" um dueto com um músico português.

"É incrível como até hoje isso não aconteceu, embora eu não tenha tanto conhecimento da música portuguesa. É uma coisa que já devia ter acontecido. Espero fazer uma parceria, uma música, participar no disco de alguém. Espero a qualquer momento fazer parceria com algum cantor, com alguma banda em Portugal", disse.

A sua participação vai, no entanto, "depender muito do convite, do momento" e da existência de "alguma afinidade musical e pessoal" com o cantor em causa.

Em Portugal para promover o seu novo álbum, o primeiro integralmente gravado na sua editora, "Luanda", Djavan descreve "Vaidade" como um disco com "uma delicadeza feminina" e em que reencontrou uma "atmosfera do passado", que traduz, simultaneamente, uma nova fase da sua vida: a paternidade.

"Esse disco tem uma coisa que é marcante, que é uma delicadeza feminina que passou dessa atmosfera de bebé, desde que a Sofia, a minha filha mais nova, nasceu. E eu estou envolvido nessa atmosfera de carrinho de bebé, fralda, comidinha. É a primeira vez que estou vivenciando isso de maneira mais concreta, porque os meus outros bebés nasceram numa época em que eu estava vivendo muito diferentemente o meu início de carreira, correndo muito. Nem prestei tanta atenção nesses particulares", relatou.

A emoção de estar também recém-casado - "a Rafa é uma mulher muito delicada", disse - passou igualmente para o novo conjunto de canções composto por Djavan: "é um disco que foi feito sob essa atmosfera, muito feminino, de muita delicadeza, e isso me transportou para um passado de 25 anos atrás. Há duas ou três músicas nesse disco que podiam ter sido feitas há 20 anos atrás", referiu.

Apesar da "atmosfera do passado" de que o disco está impregnado, "Vaidade" é um álbum "com elementos novos", como "arranjos de cordas".

"É um disco que envolve essa diversificação que eu adoro e é exactamente a graça da música para mim. Ritmos distintos, géneros distintos", explicou o cantor, sublinhando que as suas origens musicais "estiveram sempre presentes em todos os trabalhos".

"A minha música decorre de uma formação que envolve essa curiosidade de diferenciação de cada ritmo, de cada género. A atmosfera desse disco é que é diferente do anterior", acrescentou.

Além de um novo disco com uma nova sonoridade, os fãs portugueses de Djavan vão poder assistir também a um cenário inédito nos espectáculos do cantor brasileiro.

"Esse espectáculo tem uma particularidade nova: eu nunca tinha apresentado projecção em espectáculos meus. Ele tem um cenário diferente do anterior. É uma coisa mais `clean`, mais definida, tem uma luz diferente. E tem um repertório novo que envolve um disco novo e músicas de outras épocas. Canto uma música do Roberto Carlos. É um +show+ realmente novo, diferente", antecipou.

Regressar em Portugal, onde esteve há pouco mais de um ano para promover o seu álbum anterior, "Milagreiro", tem para Djavan um sabor especial: "é como se nunca tivesse saído de casa. Tem toda essa empatia, essa coisa da língua, a história que há entre os dois países, a gente sente mesmo como se estivesse em casa. Eu gosto muito de cantar aqui", confessa.

Depois de mais de 28 anos de carreira, "dono" da sua própria editora e estúdio de gravação, o cantor brasileiro quer ainda evoluir e buscar "um novo frescor" para o seu trabalho, tendo em vista o lançamento no próximo ano de um novo disco - "Na Pista" - que está já a ser trabalhado e será "bem diferente" dos anteriores.

Nos horizontes do compositor e cantor, nascido em Maceió, estão também outros projectos, que não passam por enquanto de ideias, como a gravação de um álbum acústico.

"Está nos meus planos um álbum acústico, um álbum de tecla, cantando músicas de outros autores, um álbum só de violão. Tudo isso são projectos futuros (...) O álbum de violão é porque eu adoro o instrumento, adoro essa gama de sons que os instrumento produzem. Isso vai ser feito um dia. Eu adoraria fazer um disco só voz e violão., seria uma coisa bem bacana. Quem sabe isso não seja uma ideia próxima?", admitiu.

Materializar este projecto implica, no entanto, resolver previamente um "problema sério", como explica Djavan: "a composição é a minha auto-afirmação: é ali que eu me encontro, eu tenho que compor.

Por isso é que até hoje não fiz um álbum de intérprete, que já poderia ter feito", esclarece.

"Sou essencialmente um músico. Foi assim que eu comecei, adoro a relação com o músico, sinto a coisa do músico mesmo, eu tenho a alma do músico. Eu sou um músico que escreve e canta. Comecei a cantar com três, quatro anos de idade por influência da minha mãe que cantava muito em casa. Adoro cantar. Acho cantar uma coisa divina. Mas a coisa da composição é vital", justificou.

A digressão de Djavan prossegue com espectáculos em algumas capitais europeias, entre as quais Londres, Paris e Amesterdão, seguindo depois para Luanda e Maputo, onde actua pela primeira vez.

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